Tecnologia

Artigo: Inteligência artificial é uma realidade

Desenvolvedores de sistemas de IA devem seguir diretrizes como o respeito à propriedade intelectual de conteúdos originais e a transparência sobre a inclusão de obras autorais em dados usados para treinar a tecnologia

ARNALDO NISKIER, membro da Academia Brasileira de Letras

O uso da inteligência artificial torna-se cada vez menos um vale-tudo, para se transformar num emprego altamente responsável. É o que prevê o documento intitulado Princípios Globais para a Inteligência Artificial, assinado por centenas de entidades envolvidas nesse processo irreversível de comunicação. Assim se garante que o impacto da tecnologia caminhe junto de uma estrutura ética e responsável, sem abrir mão da inovação, como convém.

Desenvolvedores de sistemas de IA devem seguir diretrizes como o respeito à propriedade intelectual de conteúdos originais e a transparência sobre a inclusão de obras autorais em dados usados para treinar a tecnologia. Direitos humanos são previstos com toda clareza. A apropriação indevida e indiscriminada da propriedade intelectual é considerada antética, prejudicial e por isso se trata como violação dos direitos protegidos. Abre-se caminho para impulsionar a inovação e as novas oportunidades de negócios. Só nos Estados Unidos assinaram o documento mais de 2 mil jornais. Nesse terreno, se deve avançar com os cuidados necessários.

O aperfeiçoamento da tecnologia é uma realidade. Há recursos, hoje, para um combate eficiente à propagação de fake news e imagens falsas, com o uso de celulares, que contam com o sistema operacional Android, do Google, e o Titã, da Qualcomm (lançado na China). As pessoas passam a ter a capacidade de identificar o que se trata de IA (conteúdo real ou não). Chegou-se a tal perfeição que até na guerra Israel X Hamas já se fez uso da tecnologia de vanguarda, graças aos funcionários da firma Gitam, para a localização de reféns. Isso se faz também com um software de inteligência artificial especializado em reconhecimento facial. É a tecnologia a serviço da vida.

Para que tudo melhore é preciso envolver os alunos do ensino fundamental, no começo do processo. Devem se tornar mais do que meros usuários. Precisamos estimular reflexões sobre a matéria. Até discutir com mais propriedade o papel das Universidades nisso tudo, com ênfase na necessária regulamentação.

Especialização — a inteligência artificial é apenas mais uma forma de manipular as pessoas via internet. Quem afirma isso é o professor Douglas Ruskoff, da City University of New York. Educação e Jornalismo são preciosidades, para mostrar a natureza da nova tecnologia. "Sou fã do ser humano", costuma afirmar ele, defendendo o progresso que vem por aí.

No universo da tecnologia, o assunto inteligência artificial é dos mais promissores. Cresce muito hoje no mundo o número de profissionais com habilidades voltadas à IA. A sua especialização nas Universidades é uma realidade. São comuns cursos de dois anos, ensinando matemática e programação de computadores, antes de chegar às disciplinas de redes neurais. Vai-se do básico ao avançado, com amplas perspectivas no mercado de trabalho. É comum lidar com o que chamamos de "Aprendizagem de máquina", que faz com que o computador seja capaz de inserir as regras do comportamento a partir de exemplos dados. E assim se parte para o sucesso, nessa grande aventura.

O impacto do ChatGPT— já se tem uma avaliação sobre o impacto do ChatGPT no ensino superior. Em diversos cursos supera a nota dos humanos, segundo estudos da Universidade de Abu Dhabi (Emirados Árabes). Essa supremacia aconteceu especialmente em dois cursos superiores: matemática e economia. A maior margem foi assinalada em introdução a políticas públicas, no curso de pesquisa social. Estudos futuros poderão ser úteis na detecção do plágio e nas discussões sobre uma possível reforma educacional, com as perspectivas dentro e fora das salas de aula, além da ideia necessária de valorização do ensino integral.

As possíveis modificações na inteligência artificial e na biologia sintética caminham juntas. A IA pode desvendar os segredos do universo, curar doenças e ampliar os limites da imaginação. Mas é claro que não podemos defender, por exemplo, o uso de drones para a destruição. Se for para o progresso, tudo bem, como se preconiza no livro Homo Deus, do cientista israelense Yuval Noah Harari.

A China priorizou o desenvolvimento de tecnologia profunda, como a inteligência artificial, computação quântica e biologia sintética para estimular o seu desenvolvimento econômico. Mas também usa tecnologia de reconhecimento facial e técnicas de processamento de dados para vigiar os seus cidadãos, a fim de manter o controle social. Será isso válido?

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