Com a definição de Ricardo Lewandowski como novo ministro da Justiça e da Segurança Pública e o primeiro aniversário do 8 de janeiro devidamente lembrado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se volta agora para a pavimentação do segundo ano do terceiro mandato. Com uma eleição municipal no horizonte, em que a disputa pela prefeitura de São Paulo promete reviver a polarização vivida nos últimos anos, o governo também deve ter pela frente um ano em busca do protagonismo na seara internacional.
2024 começou com o Brasil pela primeira vez na presidência do G20, grupo que reúne as 19 principais economias do mundo, a União Europeia e a União Africana. Ao assumir o comando do bloco, Lula deu as diretrizes do mandato: participação efetiva nas discussões sobre as mudanças climáticas e o combate à fome e à pobreza. Mas não será só isso. Ao longo do ano, o Brasil vai organizar mais de 100 reuniões de grupos de trabalho, que serão realizadas tanto virtual quanto presencialmente, e cerca de 20 reuniões ministeriais.
O ápice da participação do país este ano no G20 será em novembro, entre os dias 18 e 19, quando será realizada, no Rio, a Cúpula de Chefes de Governo e Estado. Todos os olhares mundiais estarão voltados para nós. Dentro do Itamaraty, o encontro é visto como uma prévia do que vai se repetir em 2025, quando Belém vai sediar a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, e o Brasil exercerá a presidência rotativa dos Brics, uma parceria entre cinco das maiores economias emergentes com a participação também de Rússia, Índia, China e África do Sul.
A diplomacia nacional está otimista, como há tempos não se via. O governo Lula tem a chance de se posicionar como um ator global responsável e comprometido com a agenda de desenvolvimento sustentável. A ideia é consolidar um modelo de crescimento baseado na sustentabilidade, na igualdade e na justiça social. É, sem dúvida, um novo momento em comparação com a gestão anterior, marcada por quatro anos de total ausência internacional.
O rearranjo da América do Sul também é um fator que pode contribuir para o protagonismo do Brasil. A posse do novo presidente na Argentina e a adesão da Bolívia ao Mercosul abrem novas oportunidades de cooperação regional. Como a maior economia da região, não há outro papel se não a liderança desse processo. As perspectivas são positivas para os próximos dois anos na geopolítica mundial. Resta saber se o país vai aproveitar a chance ou deixará o cavalo selado passar.
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