Não há o que comemorar um ano depois da frustrada intentona golpista contra a democracia. Mas é momento de valorizar as forças políticas e dos Poderes da República que resistiram, sem violência e sem armas, aos atos contra o regime vigente. Não conseguiram ressuscitar o inominável modelo de governos insensíveis aos clamores da sociedade que suprimiram os direitos dos cidadãos. Governos que torturavam até a morte seus opositores. Vinte e um anos de obscurantismo.
Os líderes golpistas estão em liberdade. Desfrutam de boa vida em paraísos do litoral brasileiro e festejam o legado de destroços sociais e econômicos deixado aos sucessores. É preciso impedir que a impunidade fortaleça os incivilizados que incitam e organizam grupos às práticas criminosas para repetir atos semelhantes que atentam contra a vida da nação e contra a democracia, um regime duramente conquistado.
A infame tentativa de golpe nos fez constatar, após 35 anos do fim da ditadura militar, que há uma enorme parcela da sociedade brasileira que vive no passado, no atraso, e ama produzir atrocidades contra o povo brasileiros. É muito triste e inseguro viver em país em que há uma massa estupida de adoradores da tortura e da morte. Eles, sem qualquer humanidade, alimentam-se de valores irracionais e, assim, se comportam e agem no cotidiano.
O Brasil é um dos países mais privilegiados do planeta, pela sua topografia, clima, patrimônio, riquezas naturais, pluralidade étnico-racial, diversidade cultural, criatividade em todos os campos da arte, da ciência, da tecnologia... Mas essa potencialidade é desperdiçada e maltratada pelos que se opõem ao bem-estar social do seu povo. Quando não, é explorada para dar concretude a todas as expressões de desumanidade.
Isso resulta de acordos espúrios e vergonhosos de uma minoria gananciosa, perversa, egoísta e sádica. Uma minoria armamentista e sempre pronta a eliminar inocentes, a antecipar a finitude humana por meio das armas, a fim de fazer prevalecer seu instinto predador de políticas públicas voltadas à vida e ao bem-viver coletivo.
Uma parcela, até então minoritária, que cresceu no país para impedir grande parte da sociedade de ter acesso à educação de qualidade, à saúde, ao alimento, à água potável e a todos os meios de viver com dignidade. Inibiram, tragicamente, o pleno desenvolvimento humano, socioeconômico, cultural e tecnológico. O avanço ocorreu com a divulgação de mentiras e a construção ficcional de fatos inomináveis. Dividiu a sociedade, despertou os instintos mais grotescos dos seres humanos (?) e sequestrou mentes e corações que levaram aos atos de 8 de janeiro de 2023. Utilizaram inverdades como instrumento de cooptação. Apequenaram o Brasil.
Reconstruir o Brasil não é tarefa só do atual governo. Exige uma formação política que tire as vendas dos olhos da sociedade, para que possa enxergar e ter discernimento em suas opções. Uma visão crítica se faz necessária para escolhas corretas, evitando guindar aos Poderes, principalmente ao Legislativo, os antidemocratas. Esses operam para aprofundar as desigualdades, as iniquidades e alargar as camadas de miseráveis e famintos, privilegiando os poucos que muito têm, em detrimento da maioria vítima injustiças sociais, econômicas e fiscais, nas suas mais abrangentes concepções.
Democracia é regime de inclusão, respeito, diálogo nas divergências, construção de consensos em favor do bem coletivo e desprovido de qualquer preconceito. Que o 8 de janeiro seja sempre lembrado como mais um dia histórico da vitória da democracia sobre os irracionais, de renovação do pacto social e político escrito na Constituição Cidadã, e de criação uma barreira intransponível à insanidade dos déspotas de plantão.
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