Amanhã completamos exato um ano do dia da barbárie. O 8 de janeiro de 2023, a data de um ataque que marcou profundamente nossa história política e transformou Brasília na vitrine maior do ataque orquestrado à democracia brasileira, sobrevive na memória — e é assim que deve ser. Um país sem memória não evolui, não corrige seus erros, não faz justiça a seu povo.
Por isso, lembramos. Lembramos da invasão às sedes dos Três Poderes da República. Lembramos da horda insandecida e criminosa depredando nosso patrimônio material cultural e moral. Lembramos da omissão triste e visível de algumas autoridades policiais de Brasília e das Forças Armadas. Lembramos de todos os esforços para expulsar os vândalos, assim como para recuperar monumentos e obras de arte, trabalho que ainda perdura.
Os vestígios do 8 de janeiro ficaram na alma de um povo que já sofreu com a ditadura e nunca quis sua volta, apesar das exceções desonrosas, que negam a realidade e apoiam o desgoverno.
Estão marcadas solenidades, sob forte esquema de segurança, não apenas para recordar o triste, mas para exaltar o que há de mais belo: a democracia. Exposições mostrarão não apenas obras recuperadas e restauradas, mas cacos, pedaços e caixas vazias de peças vandalizadas ou não encontradas. Um museu será construído para perpetuar na história uma lembrança dolorosa que deve perdurar para evitar a reincidência de atos violentos como os que vivemos.
Aqui no Correio, temos a sorte de contar com jornalistas experientes, que estão reconstituindo essa história, para eternizar também nas nossas páginas, um importante registro para a posteridade. Cito dois deles. Evandro Éboli, calejado repórter com longa trajetória cobrindo os poderes da República, reconstituiu a história, ouviu personagens centrais da história, apontou o tamanho do prejuízo. Na retaguarda, Cida Barbosa, subeditora experiente de Política, também com longa experiência em esportes, incluindo em Copa do Mundo, responsável pela edição do material da brilhante série. Hoje tem mais um capítulo.
Nossas instituições estão vivas e em pleno funcionamento. Foi isso que evitou o golpe sem apoio e sem uma força que não fosse a da simples destruição e selvageria. Somos falhos em muitos aspectos e precisamos evoluir no quesito humanidade, olhando para o povo que sofre e tem fome; para o meio ambiente, nosso futuro ameaçado; para a concentração de renda absurda, que cria abismos e tira a cidadania de muitos. Mas é fato que a democracia é uma conquista nossa e não abriremos mão dela.
Temos uma grande oportunidade de reverenciar nossa Constituição cidadã, mostrar que zelamos por ela e que não somos frágeis a ponto de deixar uma cambada de desordeiros e de políticos mal-intencionados prosperarem em suas tentativas infames de atacar a democracia brasileira. Lembrar sempre para que não aconteça nunca mais.
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