SOCIEDADE

Análise: só multas e conscientização acabarão com os alagamentos crônicos

Somente ações concretas evitarão que as fortes chuvas causem transtornos e prejuízos à população de Brasília. Afinal, trata-se de um problema crônico originado no crescimento desordenado das últimas décadas

27 de dezembro, quarta-feira. Um forte temporal atinge a parte central de Brasília. Às 14h58, na L2 Norte, em frente ao Bloco F da 402, as três faixas estão completamente alagadas, acima do meio-fio. São cerca de 150m de asfalto tomados pela água barrenta. Uma longa fila de carros se forma, muitos motoristas temem enfrentar o "rio" à frente, com receio de uma pane nos veículos. A saída para a maioria é subir na calçada. Apenas ônibus, caminhões e utilitários maiores conseguem atravessar a área alagada.

28 de dezembro, quinta-feira. Às 11h05, a calçada utilizada pelos motoristas para seguir caminho pela L2 Norte está danificada. Boa parte da grama entre a pista e o passeio público não existe mais. Deu lugar ao barro. Nos 150m de asfalto que ficaram alagados na tarde de quarta-feira, existem duas bocas de lobo. Ambas estão lotadas de barro e outros materiais, como galhos de árvores e papelão.

A quadra em que ocorreu o alagamento é tradicionalmente um dos pontos mais críticos no Plano Piloto quando chove forte. A comercial logo acima, a 201/202, é famosa também pelos rios de água que se formam. A tradicional cena do surfista com prancha de bodyboarding, que viralizou anos atrás, ocorreu lá. Tanto que a área faz parte da primeira etapa do programa Drenar DF, que promete acabar com alagamentos na capital federal. As obras estão em andamento, com um trânsito constante de caminhões na região, mas os transtornos persistem.

E os problemas ocorrem basicamente por dois motivos: as bocas de lobo entupidas e a falta de manutenção do sistema de drenagem. Sem um serviço efetivo de limpeza urbana, não há Drenar DF que dê jeito. Galhos dentro de bocas de lobo é sinal de que a poda não foi feita corretamente ou de que os gravetos não foram recolhidos corretamente.

Há ainda um outro ponto importante: quando as pessoas jogam lixo na rua, acaba sendo levado pela água da chuva até as bocas de lobo, que são responsáveis pelo escoamento pelas galerias pluviais. Importante destacar que o descarte irregular de lixo não é exclusivo da capital federal. É um problema que afeta todas as cidades do Brasil. E só será resolvido com campanhas de conscientização e, principalmente, multas para quem for pego cometendo essa infração.

Somente ações concretas evitarão que as fortes chuvas causem transtornos e prejuízos à população de Brasília. Afinal, trata-se de um problema crônico originado no crescimento desordenado das últimas décadas.

Feliz ano-novo!

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