Preservar a potencialidade do patrimônio natural do Brasil está entre os grandes desafios do país, como colaborador do esforço global para conter o aquecimento do planeta. Embora o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha uma equipe engajada na defesa dos recursos naturais, as políticas de Estado esbarram em vários obstáculos e desafios para o desenvolvimento de ações pautadas no conceito de sustentabilidade.
Diferentemente de outras nações, o Brasil tem recursos hídricos, uma extensa costa marítima, tecnologia e áreas agricultáveis para a produção de biocombustível que elevam a sua capacidade de desenvolver a transição energética. Ou seja, o país não está entre as nações dependentes de combustível fóssil, como queima de carvão e petróleo, para impulsionar as atividades econômicas.
Para a coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima, Suley Araújo, a crise climática chegou e não há mais tempo de mitigar o problema. Para ela, o Brasil erra quando aposta na produção de mais petróleo, na abertura de novas áreas de exploração, como a Margem Equatorial, que abrange parte do litoral do Nordeste e todo o trecho marítimo da Região Norte.
O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) Rodrigo Agostinho, durante o debate, promovido pelo Correio Braziliense, entende que o país precisa levar a sério o tema da sustentabilidade, o que exige seriedade e compromisso de todos os setores econômicos, e não só dos órgãos de Estado.
Neste ano, as ações combinadas das forças militares, Ibama e Polícia Federal, amparadas pelo Judiciário, reduziram as atividades predatórias na região. Mas até quando? Para Rodrigo Agostinho, é preciso uma consciência sustentável. Além disso, o Ibama necessita recompor o seu quadro de profissionais, desmontado no governo passado para fazer frente aos desafios impostos pelos contumazes predadores da floresta.
As autoridades identificaram, no auge da crise território Yanomami, que a degradação ambiental por garimpeiros e madeireiros é impulsionada pelas organizações criminosas do Sudeste. Diante do quadro, o ex-presidente do Banco Central e um dos autores do Plano Real, o economista Armínio Fraga, hoje preocupado com a crise climática, alertou, recentemente, sobre o avanço do crime organizado na Região Norte. Algo que precisa ser enfrentado, com muito rigor, pelas instituições de Estado.
A superação desses e outros obstáculos são condições indispensáveis para que o Brasil assuma uma posição de liderança e de exemplo na transição energética, na preservação do meio ambiente e padrão de sustentabilidade. As escolhas dos governos e suas ações apontarão o rumo que a nação seguirá no futuro. Para isso, é preciso que os demais poderes da República tenham engajamento expressivo, sobretudo o Legislativo, que reluta em acolher propostas e aprovar medidas favoráveis a uma transição não só energética, mas também para uma economia verde.