O futebol brasileiro vive uma crise dentro e fora dos campos. Nos gramados, se exatamente um ano atrás estávamos classificados para as oitavas de final da Copa do Mundo do Catar com a expectativa em alta, hoje a realidade é bem diferente. Depois da eliminação para a Croácia nas quartas, a Seleção convive agora com a falta de personalidade. Estamos sem técnico, na expectativa de que o treinador do Real Madrid, o italiano Carlo Ancelotti, aceite assumir o comando a partir do meio do ano que vem. Enquanto isso, vamos capengando nas eliminatórias do mundial de 2026.
Mas a situação se mostra muito mais grave nos bastidores. Acredito que dois problemas afetam a credibilidade do esporte mais famoso do Brasil: a ausência de critérios unificados no uso do árbitro de vídeo, o famoso VAR, e a falta de isonomia existente na Justiça Desportiva. Tenho a opinião de que o VAR veio para tornar o futebol mais transparente, com padrões unificados, mas não é o que vemos na prática.
Lances semelhantes são analisados de uma forma numa partida e em outra, dias depois, a decisão é diferente. É preciso também aprimorar as linhas do impedimento. Hoje, um frame para cá outro para lá é capaz de determinar se um jogador está em situação irregular e a tecnologia deixa a desejar. Tanto que jogadas polêmicas seguem ocorrendo rodada a rodada. Com uma diferença: antes do VAR, criticávamos a arbitragem em si, juízes e bandeirinhas. Agora, é a credibilidade do que é mostrado no vídeo.
Penso, porém, que o maior problema encontra-se na Justiça Desportiva. Aqui, ao contrário das grandes ligas do futebol mundial, o julgamento é demorado e falta isonomia nas decisões. A força de um clube nos bastidores e a contratação de advogados caros fazem toda a toda a diferença na hora da sentença. É preciso copiar exatamente como funciona na Inglaterra, na Espanha, na Itália, por exemplo. Lá, as punições a clubes e atletas são dadas por órgãos independentes que são responsáveis por julgar as infrações cometidas por clubes, jogadores e outros agentes envolvidos no futebol. São tomadas com rapidez, normalmente um ou dois dias depois das partidas.
Aqui, leva-se 60 dias, pelo menos, nos casos que chegam ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva, o STJD. O resultado é um campeonato desequilibrado. Santos e Vasco, por exemplo, foram exemplarmente punidos por confusões provocadas pelas respectivas torcidas. Tiveram que jogar partidas sem público. E o que ocorreu na reta final? Clubes como Cruzeiro e Coritiba conseguiram reverter punições nas últimas rodadas do campeonato depois de protagonizarem uma batalha campal entre os integrantes de organizadas. A justificativa foi o "adiamento" do julgamento, mas como a suspensão preventiva vale para uns e não para outros? A morosidade do STJD é uma das grandes culpadas por isso, mas há outros, como o corporativismo e a existência de julgadores ligados a federações e clubes.
No fim dos anos 1990, o futebol brasileiro vivia também uma grave crise ética. A final da Copa de 1998 se tornou alvo de uma CPI no Congresso. Outras investigações vieram na sequência, como a do futebol, da Chapecoense e, mais recentemente, a de manipulação dos resultados esportivos, que terminou em setembro sem sequer a apreciação do relatório final. Quem conseguirá passar o futebol brasileiro a limpo? Eu não faço ideia. Alguma sugestão, caro leitor?
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