Economia

Artigo: O protagonismo que vem do empreendedorismo

Os pequenos negócios foram os grandes protagonistas de 2023. Com apoio do Sebrae, foram eles os maiores geradores de empregos com carteira assinada

opiniao 2812 -  (crédito: kleber sales)
opiniao 2812 - (crédito: kleber sales)
postado em 28/12/2023 06:04

Falo sem medo de errar que os pequenos negócios foram os grandes protagonistas de 2023. Com apoio do Sebrae, foram eles os maiores geradores de empregos com carteira assinada. O país alcançou, no último mês de outubro, a marca de 1,78 milhão de novos empregos gerados desde o início do ano. Desse universo, quase 71% foram criados pelas micro e pequenas empresas, o que corresponde a aproximadamente 1,26 milhão de novos postos de trabalho.

No governo de Lula e Geraldo Alckmin, o brasileiro voltou a sonhar. O país já é o segundo do mundo com mais interessados em ter o próprio negócio e está no top 10 dos lugares com mais empreendedores. Em todo canto, seja no Brasil ou lá fora, as pequenas empresas, geralmente, são as que mais rápido respondem aos estímulos econômicos. São negócios que, pela própria natureza, têm mais agilidade para rapidamente contratar, ajustar o fluxo de caixa ou mesmo investir em inovação.

Por onde andei, pude testemunhar uma revolução que vem do empreendedorismo. E não andei pouco! Em 2023, rodamos, junto com o Sebrae Pelo Brasil, mais de 20 mil quilômetros de norte a sul do país. A essência do trabalho desenvolvido pelo Sebrae está na inclusão produtiva e social. Com a inclusão produtiva, o Sebrae busca o envolvimento de pessoas em situação de vulnerabilidade econômica e social no mundo do trabalho, seja via emprego formal ou via empreendedorismo. Com isso, contribui para a construção de uma sociedade mais justa, por meio da geração de trabalho e renda.

Nessa peregrinação, pude testemunhar um Brasil efervescente. São iniciativas que transformam vida, resgatam a esperança e a autoestima. No Maranhão, um evento de startups reuniu mais de 5 mil pessoas para debater inovação e gestão de pequenos negócios. Diversas gerações debatiam o empreendedorismo e novas ideias. No Espírito Santo, as Paneleiras de Goiabeiras mostram que as riquezas culturais, de mais de 500 anos, mantêm gerações unidas e garantem o sustento de centenas de pessoas. Na Rocinha, no Rio, a atuação do Sebrae está presente em 18 favelas, engloba 100 comunidades, com mais de 31 mil atendimentos. O Sebrae Pelo Brasil alcançou, em 2023, 13 estados.

Seja na vida prática ou nos grandes temas que marcaram o país este ano, os pequenos negócios não ficaram de fora. O segmento foi protagonista nas discussões sobre a reforma tributária. A preservação do Simples Nacional foi uma bandeira permanente. Há o consenso de que, agora aprovada, a reforma trará uma verdadeira revolução tanto no âmbito econômico como social para o país. A reforma vai ampliar o mercado e aumentar a renda dos donos de pequenos negócios com impacto de 12% de crescimento no PIB em 15 anos. Estima-se que a nova regulamentação pode levar as empresas a economizar R$ 28,1 bilhões por ano.

No debate sobre o parcelamento do cartão de crédito, os empreendedores também se posicionaram em defesa da manutenção da modalidade. Diante das dificuldades para obter crédito nos bancos, o parcelamento sem juros no cartão de crédito é uma das principais opções no mercado. O Sebrae monitora a discussão que ameaça extinguir essa possibilidade ao consumidor, pois entende que o parcelamento é bom para quem compra e bom para quem vende. Hoje, sabe-se que o cartão de crédito é uma das principais modalidades de empréstimo utilizadas pelos empreendedores, que não encontram nos bancos condições de ter suas necessidades atendidas.

Paralelamente, o modelo Brasil dos pequenos negócios passou a ser paradigma para muitos países. A atuação se deu tanto no âmbito institucional como no acesso ao mercado. Assinamos acordos de cooperação técnica e memorando para a disseminação da cultura empreendedora. Em Angola, Sebrae e Inapem, instituição congênere do país, implementaram ações de apoio ao empreendedorismo e em prol da inclusão das micro e pequenas empresas.

Em Portugal, o Brasil despontou com a maior delegação da história no Web Summit. Foram 400 empresas, de 19 estados, que geraram R$ 9 milhões em negócios. Além da Espanha e de Cabo Verde, mais recentemente, os pequenos negócios marcaram presença na COP28, em Dubai, com o compromisso da mudança rumo à economia de baixo carbono, que, necessariamente, precisa do compromisso dos empreendedores de micro e pequenas empresas. Em especial, para um dos maiores desafios nessa temática, que é a COP30, que será realizada no Pará, em 2025.

A marca Sebrae é reconhecida como de alto renome, ao lado do Rock in Rio, Petrobras, Barbie, Embratel e Natura, além de ser a sexta mais forte do país. Somos a sexta maior Company Page do LinkedIn no Brasil, recebemos prata e bronze no Prêmio Lusófonos de Criatividade com as campanhas Negócio Tá Preto e Positivo Transforma, e, quando o assunto é os empreendedores que atendemos, somos o primeiro lugar no Startup Awards, o oscar brasileiro das startups. Isso só aumenta a responsabilidade. O empreendedorismo vem ganhando cada vez mais espaço, sendo apontado como uma solução viável para esta nova ordem mundial.

* Décio Lima é presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)


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