Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) 2022 divulgados no início da semana pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), pelo Ministério da Educação e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) são muito preocupantes, embora pudessem ser ainda piores. Salta aos olhos o baixíssimo nível de desempenho dos estudantes brasileiros em matemática. Em plena revolução tecnológica, em que as possibilidades de ensino contam com os recursos mais modernos, os números mostram que a maioria dos adolescentes mal sabe fazer as quatro operações, que dirá equações mais complexas.
De acordo com os resultados do Pisa 2022, o Brasil atingiu a pontuação de 379 em matemática, em contraste com a média dos países da OCDE, que foi de 479. Na escala de avaliação do ensino, que vai de 1 a 6, 73% dos alunos brasileiros ficaram abaixo da nota mínima de 2, que é considerada o nível básico, ao passo que os demais países da OCDE têm 31% de jovens na mesma faixa. Considerando o ranking geral nessa área, nosso país ficaria entre a 62ª e a 69ª posição.
Para não dizer que somos um caso perdido, nas áreas de leitura, a diferença não é tão significativa em comparação aos países da OCDE. O Brasil pontuou 410, e os membros da OCDE, 476; o resultado entre países da América Latina foi semelhante. Houve também concentração menor de jovens abaixo do nível 2 (50%), embora essa mesma taxa na OCDE seja de 27%. Em ciências, porém, o Brasil obteve 403 pontos, e a OCDE, 485, e 55% dos nossos estudantes ficaram abaixo de 2. Na OCDE essa taxa foi de 24%.
Ao fazer uma avaliação do resultado, o ministro da Educação, Camilo Santana, destacou que as escolas particulares também ficaram abaixo do nível básico estabelecido pela OCDE em matemática, o que é uma demonstração de que não se trata apenas de um problema da rede pública, mas também dos métodos de ensino e formação de professores. Em termos temporais, no caso da matemática, é uma queda sem precedentes desde 2018.
No "tripé"de prioridades do Ministério da Educação — programa de alfabetização, conectividade escolar e escolas em tempo integral —, deveria haver um foco específico no ensino de matemática e de ciências. A propósito, sobre a implantação da escola em tempo integral, o ex-governador Cristovam Buarque, criador da bolsa escola e ativista em tempo integral da causa da educação de qualidade para todos, resgata uma experiência bem-sucedida do educador baiano Anísio Teixeira, que empresta seu nome ao Inep: a escola parque.
Criado em 1950 para complementar as atividades de 4 mil alunos de quatro escolas classe, com aulas de reforço escolar, esporte e arte, o Centro Educacional Carneiro Ribeiro foi a primeira experiência de horário integral no Brasil. Nem todos os estados e municípios têm condições imediatas de implantar as escolas em tempo integral, mas todos podem buscar formas de suprir as necessidades de crianças e adolescentes passarem mais tempo na escola, em vez de permanecerem nas ruas, principalmente as crianças em situação de risco.
Além disso, os resultados mostram que há necessidade de um choque de ensino de matemática nas redes públicas e privadas, com adoção de métodos mais adequados de ensino, de formação de professores e de reforço escolar.
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