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MÚSICA

Artigo: O Clube do Choro antes e depois de Paul

A passagem de Paul deu uma bela história de luta em favor da música na primeira escola de choro do Brasil, que resiste em seu impulso de salvar algo de especial e de sublime

Bastaria a ficha corrida de Paul ao longo da existência na vida e nos palcos para dar uma visibilidade imensa ao Clube -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Bastaria a ficha corrida de Paul ao longo da existência na vida e nos palcos para dar uma visibilidade imensa ao Clube - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
postado em 03/12/2023 06:01 / atualizado em 03/12/2023 12:22

O que faz de uma pessoa significar um tempo, uma marca, uma linha que torna todo o depois uma nova história? Fiquei pensando nisso após ouvir de Reco do Bandolim, presidente do Clube do Choro de Brasília, a seguinte declaração sobre o show-surpresa de Paul McCartney no espaço: "Considero que agora existe um marco, antes e depois de Paul. Ele deu uma dimensão internacional ao Clube do Choro. Tenho recebido contatos de gente da Noruega, da Dinamarca, da Alemanha. Tenho a consciência de que haverá uma mudança substantiva a partir desse momento".

É claro que bastaria a ficha corrida de Paul ao longo da existência na vida e nos palcos para dar uma visibilidade imensa ao Clube. Mas o que se deu até a escolha do lugar que serviria ao propósito de fazer a graça do ex-Beatle? Deu-se uma bela história de luta em favor da música, de construção da primeira escola de choro do Brasil, que resiste em seu impulso de salvar algo de especial e de sublime. E Paul conhecia essa história...

O que se deu ali foi um encontro de um superstar com seu público emocionado, às lágrimas, cantando junto numa catarse de tirar o fôlego. Um momento que, além de ficar na memória e na história, transformou o Clube do Choro por uns instantes no lendário Cavern Club, onde os Beatles tocavam. Sim, será mesmo antes e depois de Paul. E Reco do Bandolim não exagerou quando disse à coluna Eixo Capital do Correio: "Deu-me a sensação de dever cumprido".

Mas há outra coisa a se observar em tudo isso. Com ingressos esgotados por toda parte, precisaria ele de um momento assim? Certo que não. Mas Paul parece inquieto aos 81 anos. Uma inquietude de espírito de criança que o faz cantar e tocar por três horas seguidas. Como ele parece feliz ali. Ser uma referência de antes e depois é simplesmente resultado de Paul amar o que faz. Emana daí uma vibração única, que pode ser sentida palco abaixo.

Chegar à maturidade e à velhice nessa condição é pra poucos. Por isso, quero sublinhar aqui uma notícia que me pegou de surpresa e me lançou numa onda de alegria. A Universidade de Brasília, sempre à frente do seu tempo, vai oferecer vagas em 2024 para os 60 . Uma iniciativa pioneira que dialoga com os novos tempos e dá aos mais velhos, cheios de energia, a chance de encarar um novo marco em suas linhas de vida: antes e depois da universidade. Não é maravilhoso?

 


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