O mundo está próximo de assistir a um novo conflito generalizado entre países da Europa, e restam apenas cinco anos para tentar evitar a escalada de uma guerra que teria consequências devastadoras, envolvendo a Rússia e os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O alerta é da Sociedade Alemã de Política Internacional (DGAP, na sigla em alemão), uma think tank de Berlim que divulgou, nos últimos dias, um estudo com o nome de Evitando a próxima guerra.
Segundo os autores do estudo, Christian Mölling e Torben Schütz, os países da Otan estão subestimando a capacidade russa de se transformar em uma economia de guerra, o que inclusive já estaria em andamento, provocado principalmente pelos dois anos de confronto com a Ucrânia. Esse movimento, eles alertam, seria capaz de levar o poderio bélico de Moscou a superar o poder de intimidação da Otan, o que pode provocar uma inevitável invasão a outros territórios na Europa. O alvo principal do governo de Vladimir Putin seriam os países bálticos – Estônia, Letônia e Lituânia –, que faziam parte do Império Russo e da União Soviética.
A motivação, segundo os pesquisadores, é uma ideologia chamada Russkiy Mir ("mundo russo", em tradução livre), apoiada pelos principais líderes do país e que propõe que todos os lugares que já foram governados ou aliados de Moscou – o que inclui, entre outros territórios, Finlândia, Polônia, Romênia, Hungria e parte da Alemanha – deve voltar à esfera de influência do Kremlin. O termo já apareceu, inclusive, em discursos de Putin, para justificar a invasão da Ucrânia.
O documento ainda afirma que não é mais uma questão de "se", e sim de "quando" a Rússia vai atacar os países da Otan, e estima que, em no máximo seis anos, Putin já terá reconstruído o seu exército, o que daria um prazo de cinco anos para os demais países europeus se prepararem adequadamente para o ataque.
As conclusões do estudo estão alinhadas com o pensamento de alguns líderes europeus. Em uma apresentação sobre políticas de defesa no início de novembro, o ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, afirmou que as forças armadas de seu país devem estar "hábeis para a guerra".
É fundamental lembrar que uma eventual invasão russa a algum país da Otan provocaria uma guerra em larga escala, já que o Artigo 5 do Tratado de Washington estabelece que um ataque a um membro é considerado um ataque a todos os outros 31 países da aliança, entre eles os Estados Unidos. A Ucrânia, não sendo membro da Otan, está fora desse compromisso.
A natureza imprevisível das ações russas, somada à retórica beligerante de Putin e à demonstração de força, tem criado um ambiente tenso e instável. Além de suas implicações regionais, uma nova agressão de Moscou teria ramificações globais, em clara ameaça à estabilidade internacional.
O grande problema é que em mundo interconectado, a paz e a segurança não podem ser garantidas isoladamente: são esforços conjuntos de todos, que exigem cooperação e diplomacia. Diante desse cenário, é necessário que a comunidade internacional intensifique os esforços para evitar uma escalada ainda maior, com um compromisso global que promova o diálogo para encontrar soluções pacíficas.
Rússia, Otan e a comunidade internacional precisam ter sabedoria e responsabilidade para escolherem o caminho da razão sobre o da destruição que uma guerra em larga escala causaria no mundo. A situação é grave e o prazo é curto, e por isso a necessidade de um compromisso genuíno com a paz é mais urgente do que nunca.