FUTEBOL

Artigo: Série A terá campeão culposo

A contar de 2006, quando a Série A passou a ter 20 times, tivemos pelo menos três edições apertadas na 33ª rodada

Há quem embarque no discurso oportunista de que estamos diante do melhor Brasileirão na era dos pontos corridos. Recomendo senso crítico contra os clichês. Vivemos o tempo de padrões de excelência rasos, pouco ou nada criteriosos. Quase tudo é "melhor", "maior", "top". A Série A nivelada por baixo pode ter desfecho emocionante, sim, mas com um campeão culposo (sem a intenção de conquistá-la).

A contar de 2006, quando a Série A passou a ter 20 times, tivemos pelo menos três edições apertadas na 33ª rodada. Palmeiras (2009), Fluminense (2010) e Corinthians (2011) somavam 58 pontos. Menos que os 59 de Botafogo, Palmeiras e Grêmio na jornada equivalente. Todos viam concorrentes no retrovisor e também era o "melhor da história".

O campeonato até então modorrento deste ano ficou empolgante. Culpa de um líder incompetente. É inadmissível despencar na classificação como faz o bipolar Botafogo. Líder disparado do primeiro turno com 47 pontos, e vice-lanterna no segundo com 12.

Em jejum há 28 anos, o Glorioso encerrará o Brasileirão sob a batuta do quarto técnicos diferente: Luis Castro, Cláudio Caçapa, Bruno Lage, Lúcio Flávio e um novo profissional procurado por John Textor. Sociedades Anônimas do Futebol também erram feio. A SAF do lanterna América-MG está rebaixada para a segunda divisão. A do líder Botafogo se comporta com inacreditável amadorismo. Gabarita os pré-requisitos para "entregar" o título.

De repente, o vice-líder Grêmio virou referência. O tricolor gaúcho sonha com o fim da fila de 27 anos porque tem um fora de série: Luis Suárez. O time de Renato Gaúcho é ruim, desajustado. Ostenta o melhor ataque com 57 gols. Em contrapartida, exibe a quarta pior defesa. Sofreu 49! Supera o rebaixado América-MG, o Coritiba e o Santos. Acumulava quatro rodadas sem vencer. Agora, tem chance de ser campeão.

O Palmeiras é exaltado pela regularidade — um dos itens de segurança dos pontos corridos, porém o time de Abel Ferreira não é referência. Perdeu oito vezes em 2023 contra apenas três na conquista de 2022. Outra vantagem alviverde era a segurança defensiva. A equipe tomou 27 gols na edição passada inteira. Acumula 30 nesta. Seis deles nas últimas três exibições pelo Brasileirão: três do Botafogo e três do Flamengo.

Há quem encha a bola do Red Bull Bragantino, porém o time do técnico Pedro Caixinha treme em jogos relevantes. Perdeu para o Atlético-MG, no Nabi Abi Chedid. Amargou derrota para o São Paulo na última quarta, quando teve oportunidade de assumir a liderança.

É justo premiar um Flamengo colecionador de vexames neste ano no Mundial de Clubes, Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana, Copa do Brasil, Carioca e na Libertadores? Ou um Atlético-MG que passou oito rodadas sem vencer?! Por essas e outras, não confunda melhor campeonato com mais empolgante. Nivelado por baixo.

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