INVESTIGAÇÃO

Dino x Netanyahu: soberania brasileira nas investigações é fundamental

O Brasil é um país soberano e a segurança nacional é uma questão de Estado. As autoridades brasileiras devem ser as únicas responsáveis por investigar e combater o terrorismo em território nacional

A prisão de dois suspeitos de planejar ataques terroristas no Brasil, possivelmente ligados ao Hezbollah, reacende a discussão sobre a segurança nacional. A operação, deflagrada pela Polícia Federal em cooperação com o Mossad, órgão de inteligência israelense, mostrou-se bem-sucedida, mas, ao mesmo tempo, esbarra na discussão sobre até onde vai o envolvimento de um governo estrangeiro em uma investigação interna.

Após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, atribuir o sucesso da ação ao Mossad, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, rechaçou o uso político da operação pelos israelenses. Ele afirmou que as investigações no Brasil nada têm a ver com a guerra no Oriente Médio, que "nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal" e que líderes estrangeiros não podem antecipar resultados de investigações que ainda estão em andamento.

As preocupações de Dino são legítimas. O Brasil é um país soberano, e a segurança nacional é uma questão de Estado. As autoridades brasileiras devem ser as únicas responsáveis por investigar e combater o terrorismo em território nacional. Contribuições externas são bem-vindas, como ocorreram em outros casos, quando, por exemplo, o FBI alertou para ataques a escolas de São Paulo, em 2021, e a Polícia Civil realizou a prisão de um suspeito.

Desde os ataques às torres gêmeas em Nova York, a cooperação internacional mostrou-se fundamental para o combate ao terrorismo. As células estão espalhadas por todo o planeta, e a interligação das polícias é imprescindível. Entretanto, esse trabalho cooperativo precisa ser feito de forma respeitosa às regras locais, preservando a soberania dos países envolvidos.

No caso da operação que resultou na prisão dos dois suspeitos de terrorismo, as informações fornecidas pelo Mossad, que tem um longo histórico de cooperação com o Brasil, foram fundamentais. Por sua vez, é importante ressaltar que a PF é um órgão independente e que as investigações devem ser conduzidas de forma técnica e isenta.

Além disso, é preciso evitar que a operação seja usada para fins políticos ou para justificar a interferência de um governo estrangeiro nos assuntos internos do Brasil. Soberania e independência em primeiro lugar.

 


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