Cuidar do meio ambiente é, por definição, uma tarefa multigeracional. Assim como sofremos hoje as consequências climáticas de séculos de abuso do homem em relação à natureza, só um esforço de longo prazo poderá reverter ou, mais provavelmente, frear os efeitos dramáticos do aquecimento global.
Ademais, a aposta em um modo de vida mais sustentável não produz efeitos imediatos. Se mudássemos radicalmente nossas cadeias produtivas, zerando o desmatamento, reduzindo a produção de lixo e a emissão de gases poluentes, adotando fontes limpas de energia, ainda assim, demoraríamos um bom tempo para colher os frutos dessa mudança.
Tudo isso aponta para o fato de que a educação ambiental precisa ser prioridade para qualquer nação que deseja construir um futuro mais sustentável. Sem um esforço sistemático de conscientização das novas gerações a respeito da importância da natureza para a perpetuação da espécie humana na Terra, é impossível falar sério sobre sustentabilidade.
As empresas podem — e devem — se engajar. Há inúmeros caminhos para estabelecer parcerias com instituições de ensino, das ações mais tradicionais, como palestras e exposições, até as de cunho profissionalizante, que aproveitam o espaço corporativo como palco para ações pedagógicas voltadas a melhor preparar o jovem para o mercado de trabalho.
O fundamental é que essas ações não sejam isoladas — isto é, que se deem no âmbito de projetos bem estruturados, com metas, prazos e mecanismos de autoavaliação. Nos dias atuais, em que a agenda ESG (ambiental, social e de governança, na sigla em inglês) ganhou os holofotes como nunca antes, é fundamental atentar para que iniciativas desse tipo não busquem simplesmente a construção de uma "boa imagem" corporativa, sem refletir um compromisso sólido da instituição com uma agenda de transformação social.
Se é de suma importância esse engajamento das empresas na melhoria da educação pública, sobretudo no âmbito da educação ambiental, é preciso também garantir que quaisquer projetos privados de sustentabilidade tenham uma interface educacional de modo a olhar para as futuras gerações como agentes absolutamente imprescindíveis na mudança do futuro do planeta.
Pensemos, por exemplo, em uma ação de reflorestamento levada a cabo por uma empresa. Sem um trabalho concomitante de conscientização das comunidades locais a respeito da importância de preservar e nutrir as árvores plantadas, idealmente com o envolvimento das escolas da região e demais organizações socioeducativas, a ação fica, por assim dizer, pela metade.
Nesse caso, investir em educação ambiental é garantir não apenas que as árvores plantadas serão cuidadas pela comunidade, mas, sobretudo, que as próximas gerações crescerão com a consciência de não promover novos desmatamentos e de fazer escolhas que levem em conta primeiramente, ou de forma prioritária, o meio ambiente.
Devemos estimular essa postura vigilante e proativa nas crianças e nos adolescentes. Ela permite, por exemplo, que os jovens se tornem pesquisadores em suas casas e escolas, atentando para o uso consciente da água, o descarte correto do lixo, o desperdício de materiais. Bons projetos educacionais, unindo a escola pública e a iniciativa privada, têm a capacidade de oferecer esse protagonismo ao estudante, que adquire conhecimentos novos e, simultaneamente, contribui para a construção de um meio mais sustentável.
Diz o ditado que uma boa sociedade é aquela em que as pessoas plantam árvores em cuja sombra jamais poderão descansar, pois já terão partido quando as mudas terminarem de crescer. A cada dia que passa, a ideia aí expressa deixa de ser uma mera reflexão sobre a vida, o futuro e a generosidade, para se tornar questão de sobrevivência.
Devemos, concreta e metaforicamente, plantar árvores para as próximas gerações. E não há maneira mais eficaz de formar bons jardineiros para cuidar dessas árvores — e das ideias e dos valores que elas representam — do que apostar na educação ambiental para as novas gerações.