A fome é um flagelo que segue afligindo o mundo. Segundo dados divulgados recentemente pela Organização das Nações Unidas (ONU), o planeta tem 735 milhões de pessoas passando fome, e 2,3 bilhões em insegurança alimentar. No Brasil, um dos celeiros do mundo, os números também assustam. São 21 milhões de pessoas sem ter o que comer todos os dias, e 70,3 milhões em situação de insegurança alimentar.
Ao se olhar para o futuro, as perspectivas também não são animadoras. Estima-se que até 2050 — ou seja, daqui a 27 anos — o mundo atingirá um pico populacional de 10 bilhões de pessoas, o que coloca diante da humanidade um desafio monumental: produzir mais comida com menos espaço e recursos, enquanto as mudanças climáticas ameaçam reduzir as terras aráveis em todo o planeta.
É claro que a fome não é apenas uma questão de falta de comida: ela também é provocada por desigualdade, acesso limitado a recursos, pobreza e sistemas alimentares inadequados. Mas o iminente crescimento da população impõe uma pressão significativa sobre os recursos naturais, a terra e a água. As terras aráveis já estão sendo usadas intensivamente, e o crescimento populacional só tornará essa competição por espaço para lavouras e criação de animais ainda mais acirrada.
Soma-se a isso o cenário catastrófico que as mudanças climáticas estão provocando no planeta. O aumento das temperaturas, os eventos climáticos extremos, como temporais e ondas de calor, e a escassez de água são ameaças reais para a produção de alimentos, além da evidente degradação das terras atualmente usadas para a agricultura, reduzindo a produtividade e colocando em sério risco a produção de alimentos para o futuro próximo.
Dentro deste contexto, o Brasil, com sua vasta extensão territorial, recursos naturais abundantes e uma indústria agrícola em crescimento, pode desempenhar um papel crucial na busca da eficiência na produção de alimentos. O país é um dos principais produtores e exportadores mundiais de commodities agrícolas, como soja, carne e milho, e o agronegócio corresponde a quase um terço do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
No entanto, o desafio vai além de simplesmente aumentar a produção. É necessário fazê-lo de forma sustentável e eficiente. Isso implica priorizar a inovação, a sustentabilidade e a eficiência, adotando práticas agrícolas mais sustentáveis, investindo em pesquisa e tecnologia, e promovendo a educação voltada para a área. A agricultura de precisão — que levou definitivamente o computador para o campo —, o uso de biotecnologia, a gestão eficiente de recursos hídricos e a diversificação das culturas são apenas algumas das estratégias que podem ajudar a aumentar a produção de alimentos de forma sustentável. Além disso, o Brasil pode desempenhar um papel fundamental na conservação da Amazônia e de outros biomas, garantindo que as terras sejam usadas de maneira responsável, e a biodiversidade preservada.
O que surge para o Brasil, a partir deste cenário desafiador, é uma oportunidade única de liderar a revolução agropecuária que o planeta vai precisar para se alimentar nos próximos anos. É assim que o ingresso definitivo do país no grupo das grandes potências mundiais se dará: contribuindo para a segurança alimentar global, de modo a garantir que ninguém passe fome em um mundo de abundância.