Há mais de 20 anos, computadores conseguem derrotar humanos em jogos complexos e rivais robôs. Isso se nota, hoje, num grupo que reúne cientistas da Deep Mund (o braço de inteligência artificial do Google), da Sony, do projeto Midjourney, da startup Equilibre e da Universidade de Alberta, no Canadá. Um grande número de rodadas é necessário para que se atinja o nível de excelência. O sistema de inteligência artificial (IA) vence jogos mesmos sem saber previamente as regras, o que mostra o indiscutível avanço da matéria.
A inteligência artificial comemora a sua chegada no necessário estado da arte. Pode recriar vozes incríveis da nossa cultura, como aconteceu com John Lennon e Edith Piaf. Foi usada na narração de um filme biográfico da cantora francesa, que viveu entre 1915 e 1963.
Com a existência de perigosas deepfakes, a IA carece de uma pronta regulação. Não pode caminhar livremente, como demonstrou na recente eleição presidencial da Argentina. Com a popularização dessa ferramenta, o seu uso pode ser desmesurado e agressivo. Como diz um projeto de lei em estudo no Brasil, não se pode induzir dessa forma o eleitor a erro. Isso deve ser evitado.
É sabido que os robôs de inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, cometem seguidos erros — hoje chamados de "alucinações". A frequência pode variar de 3% a 27%. Os chatbots inventam informações, o que é profundamente condenável. Vocês já imaginaram conviver com esses riscos na área médica, por exemplo?
Quando não houver uma resposta clara, o sistema não precisa ser criativo, e, com isso, levar a lamentáveis equívocos. As alucinações devem — e precisam — ser reduzidas a zero, para aumentar a credibilidade do sistema.
E há um risco que se liga fundamentalmente às mulheres. É o caso do Colégio Santo Agostinho, no Rio de Janeiro. São falsos nudes que aconteceram no Rio, em Belo Horizonte, Recife e São Paulo. A sua divulgação em redes sociais configura um crime mais que evidente e, na verdade, vexatório. A atriz Isis Valverde foi vítima dessa prática infame, que esbarra na ausência de uma legislação com regras claras. Essa prática afeta, claramente, a saúde mental das suas vítimas.
É claro que o uso intensivo da IA teria que chegar às escolas brasileiras. O contato com inovações científicas e tecnológicas é mais que necessário — e até mesmo fundamental. A inovação no ensino vai muito além do simples uso do computador. É preciso ir adiante nos estudos em livros e salas de aula.
Hoje, fazem parte do universo escolar áudios de língua estrangeira, games, simuladores, realidades aumentadas e podcasts. É aí que entra o uso indispensável da inteligência artificial, que poderá ajudar o aluno na escolha do seu melhor caminho e no planejamento de uma aula de vanguarda por parte do professor. A sua ajuda pode se estender ao conhecimento de mitos, como Einstein, Freud e Sabin, para conhecer melhor o que representaram para o mundo do conhecimento. Estamos, sem dúvida, vivendo novos tempos.
* Arnaldo Niskier é membro da Academia Brasileira de Letras
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