Embora haja maior esforço do governo federal para elevar a qualidade da educação, o Brasil ainda está entre os países com o menor investimento por aluno no ensino básico — US$ 3,5 mil dólares/ano, enquanto a média é de US$ 10,9 mil, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A situação era bem pior no século passado. Ao longo deste século, o Brasil triplicou os investimento por estudante nos ensinos infantil, fundamental e médio. Porém, está longe de se aproximar de países como Coreia do Sul, Portugal e Austrália, que aplicam entre US$ 10 mil e US$ 14 mil em cada aluno, e enfrenta o desafio de impulsionar o ensino profissionalizante.
No momento, há entendimentos divergentes sobre a carga horária da educação profissional e tecnológica no ensino médio. O tema está entre as prioridades do Ministério da Educação (MEC). Mas na revisão do Novo Ensino Médio, a equipe atual da pasta flexibilizou a carga horária, como parte do conteúdo a ser escolhido pelo estudante. No projeto encaminhado ao Congresso Nacional, o ensino profissional ficou com 2,1 mil horas para disciplinas básicas e 900 horas para as técnicas, ao longo de três anos. No ensino médio regular, a formação básica ficou com 2,4 mil horas.
O deputado federal Mendonça Filho (União -PE), relator do projeto, questiona a flexibilização e a redução da carga horária. Segundo ele, cursos na área de tecnologia da informação e saúde exigem pelo menos 1,2 mil horas. Com a redução para 900 horas, essas formações tornam-se inviáveis. O MEC, por sua vez, defende que os estados invistam em ensino integral para oferecer modalidades técnicas que demandam maior carga horária.
Em meio aos debates e à falta de consensos, estudo do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) mostra que o aumento de estudantes em cursos de ensino médio técnico teria impacto positivo no Produto Interno Bruto (PIB). Quando formados, os alunos teriam mais chances de conquistar uma vaga no mercado de trabalho, o que resultaria em maior produção para a economia, com reflexo no crescimento do PIB.
Para alguns especialistas, a educação em tempo integral, ainda que eleve o custo por aluno, se faz necessário para aprimorar a formação dos estudantes do ensino médio, bem como para capacitá-los para disputar vagas no mercado de trabalho. Reconhecem que estados e municípios têm orçamento insuficiente para custear tamanho investimento, o que exigiria uma contrapartida maior da União. A longo prazo, entretanto, haveria um retorno aos cofres públicos.
Ante a realidade de mais de 30% da parcela da sociedade entre 18 e 24 anos sem ocupação, hoje, a partir das 14h30, o Correio Braziliense promove o debate CB Fórum Educação Profissional e Primeiro Emprego, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial do Distrito Federal (Senac-DF). O evento terá a participação de especialistas, autoridades e políticos, que tratarão de temas como O atual mercado de trabalho e a demanda por educação profissional; Por que investir em educação profissional?; e Combatendo desigualdades e gerando oportunidades por meio da educação profissional.
Diferentemente do que supõe grande parte da sociedade, o ensino profissionalizante não é direcionado só para alunos de famílias de baixa renda. Também não é obstáculo à continuidade dos estudos por aqueles que almejam ter formação universitária. A formação em nível médio tem sido comum em outros países que atingiram um patamar de desenvolvimento superior ao do Brasil.
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