Dez países estão classificados via Eliminatórias para a Euro-2024, na Alemanha. Cinco disputaram a última Copa do Mundo. Três agiram rapidamente e trocaram de técnico depois do evento no Catar: Bélgica, Espanha e Portugal. Domenico Tedesco, Roberto Martínez e Luis de la Fuente têm menos de um ano de trabalho nas respectivas seleções. Tempo suficiente para semear conceitos, estabelecer o ponto de partida, o velho time-base, e entregar resultados.
Na contramão, o Brasil bate cabeça há quase um ano. Com um projeto sem pé nem cabeça pelo hexa depois da saída de Tite, a CBF entregou a prancheta ao tampão Ramon Menezes nos amistosos contra Marrocos, Guiné e Senegal; mudou de ideia e contratou Fernando Diniz para assumir a transição; e aguarda pelo fim do contrato do italiano Carlo Ancelotti com o Real Madrid.
Enquanto seleções europeias, e até sul-americanas, como o Uruguai, otimizam o tempo, o Brasil desperdiça e arrisca encerrar um ano tenebroso com apenas três vitórias. As vítimas: Guiné, Bolívia e Peru! Empatou com a Venezuela e perdeu para Marrocos, Senegal, Uruguai e Colômbia. A saideira em 2023 é contra a atual campeão da Copa do Mundo, Argentina, no Maracanã.
A culpa não é exclusiva de Fernando Diniz. Não canso de lembrar: em fevereiro de 2022, Tite antecipou publicamente a saída da Seleção em uma entrevista ao programa Redação SporTV. Eleito em março do ano passado, o presidente Ednaldo Rodrigues teve 10 meses para escolher o sucessor, porém não tratou o assunto como prioridade. Iniciou o ciclo de maneira desorganizada. Diniz é bom técnico. Autoral. As ideias dele demandam tempo. Basta ver o sucesso do Fluminense. No entanto, não há link entre titismo, ramonismo, dinizismo e ancelotismo. Resultado: a Seleção virou Frankenstein em 2023.
Concorrentes fizeram o óbvio. Eliminada nas oitavas de final na Copa de 2022, a Espanha trocou Luis Enrique por Luis de la Fuente dois dias depois. São 10 meses e 19 dias de mandato. Gostem ou não, La Roja tem nova cara.
Despachado nas quartas, Portugal demitiu Fernando Santos e levou Roberto Martinez ao poder. Os lusitanos estão jogando muito! Encantam em 10 meses e nove dias sob nova direção. Estão entre os favoritos ao título da Euro.
A Bélgica deu vexame na fase de grupos da Copa. Domenico Tedesco pacificou a casa em nove meses e 10 dias. Ao contrário daqui, lá as decisões não foram empurradas com a barriga.
Enquanto Diniz vive dias de luta em quatro meses e 13 dias na Seleção, a Colômbia testemunha, com o perdão do trocadilho, Díaz de glória. O pai de Luis Díaz, astro do Liverpool, foi refém de sequestradores por 12 dias. Libertado, viu, no estádio, o filho fazer os dois gols da virada contra o Brasil. Há tempo de trabalho por trás do ato heroico. O técnico Néstor Lorenzo treina a Colômbia há um ano, quatro meses e nove dias.
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