O Distrito Federal amanheceu ontem sob o impacto de mais um caso de feminicídio: Sofia Antunes, de 20 anos, assassinada pelo companheiro, em Planaltina. Mais um triste caso da trágica combinação entre álcool e arma de fogo. O marido matou e fugiu. Sofia é a 31ª mulher morta no DF em 2023 — ano passado, foram 17 casos fatais. Uma triste estatística em que ninguém gosta de ficar contabilizando, mas serve para alertar a sociedade da gravidade do problema que é a violência doméstica.
O cenário preocupante não está restrito ao Distrito Federal. É nacional. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados nesta semana e baseados em boletins de ocorrências registrados pela Polícia Civil das 27 unidades da Federação, nos mostram que 722 feminicídios ocorreram no país entre janeiro e junho. Um aumento de 2,6% em relação ao mesmo período de 2022. Em média, uma mulher é assassinada a cada seis horas pelo companheiro ou pessoa próxima.
Em uma sociedade como a brasileira, em que o machismo está enraizado, a violência contra a mulher tem diversas formas. Pode ser física, psicológica, sexual e patrimonial. Não tem lugar também. Os casos são registrados no ambiente doméstico, no trabalho, no meio da rua. No sábado, a denúncia da apresentadora Ana Hickmann contra o marido, Alexandre Correa, chamou a atenção do país. E trata-se de um caso emblemático. Tem um papel importante de conscientização pois mostra que, mesmo as mulheres famosas e bem-sucedidas, podem ser vítimas de violência doméstica.
O caso de Ana Hickmann é importante também porque muitas mulheres têm medo de denunciar o marido por medo de represálias ou por acreditarem que ele "possa mudar". Não é o que ocorre na maioria dos casos. A denúncia é fundamental para proteger a mulher e tentar quebrar o ciclo de violência, mas não é a única solução. É necessário que a vítima tenha acesso a serviços de apoio, como o atendimento psicológico, jurídico e social.
Neste ano, o Correio Braziliense promoveu dois importantes debates para discutir soluções para os feminicídios. Autoridades, representantes da sociedade civil e especialistas das áreas social e jurídica apresentaram relatos sobre o dia a dia do trabalho realizado e lançaram um alerta: é uma responsabilidade coletiva. Não é apenas papel da vítima denunciar. Fechar os olhos para o que ocorre com uma amiga, uma colega de trabalho ou uma anônima nunca deve ser feito. Denuncie.
Para quem não sabe, o anonimato e o sigilo são garantidos. Forneça à polícia o máximo de informações sobre o agressor e o crime. Fotos, vídeos ou documentos são provas importantes. No Brasil, o 180 é o principal canal de denúncias. Funciona 24 horas por dia, de segunda a domingo. É um dever de todos.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br