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memórias

Artigo: Emoções impressas na alma

Guardo bilhetes, fotos, escritos, cartões, desenhos de criança, recortes de jornais

Papa no Vaticano para concerto com participação da Orquestra Criança Cidadã -  (crédito: Ana Dubeux/CB/D.A. Press)
Papa no Vaticano para concerto com participação da Orquestra Criança Cidadã - (crédito: Ana Dubeux/CB/D.A. Press)
postado em 12/11/2023 06:01 / atualizado em 12/11/2023 08:45

Eu tenho uma caixa de afetos. Guardo bilhetes, fotos, escritos, cartões, desenhos de criança, recortes de jornais. Recorro ao meu cofre particular quando preciso rememorar emoções, pessoas do coração, acontecimentos espetaculares. Alguns momentos, no entanto, estão a salvo em outros tipos de drives, impressos na alma e em cada parte de mim.

Recentemente, vi o papa Francisco bem de pertinho, assistindo ao concerto da Orquestra Criança Cidadã no Vaticano. Uma daquelas carícias de Deus, que a gente não imagina nem planeja, só recebe de coração aberto. Um dos momentos que levarei para sempre. Levarei também pessoas e suas histórias, incluindo os jornalistas que compartilharam esse momento comigo.

Lembrei daquela pergunta do programa do Fábio Porchat: quando chegar ao céu o que ou quem gostaria que tivesse lá? Eu diria: jornalistas. Adoro essa minha trupe. Em comum, temos a notícia pulsando nas veias e o privilégio de testemunhar o nosso tempo com olhos de ver realmente, escuta atenta e interpretação dos fatos que, muitas vezes, já não desloca a emoção para segundo plano.

Vi o papa na companhia de outros profissionais notáveis. Entre eles, João Alberto Sobral, 80 anos, o mais longevo colunista em atividade no país. Ininterruptamente, ele escreve diariamente há 55 anos no Diário de Pernambuco, onde trabalha há 60 anos.

Também economista, já entrevistou de atriz de cinema a presidentes. Acompanhou comigo a peregrinação da Orquestra Cidadã até o Vaticano. João agrega, tem a inteligência, o humor e a sutileza. Saber perguntar, segundo ele, é a maior dádiva de um bom jornalista. Acorda às 4h para escrever sua coluna, depois ler os jornais e assistir aos noticiários.

Ali em Roma, na cobertura dos concertos dos jovens da Orquestra Criança Cidadã, entre jornalistas mais jovens, João mostrou a generosidade dos profissionais seguros de si e indicou o caminho aos colegas, relembrou fatos pitorescos das entrevistas que fez, das viagens — foi 87 vezes a Nova York. Solidário, experiente, culto e guardião da história da orquestra, foi um dos primeiros a mostrar o belo trabalho social que surgia há 17 anos em Recife, na periferia do Coque, idealizado pelo juiz do TJPE João Targino.

Vê-lo em ação foi fantástico. Assim como assistir ao trabalho das jovens Jeannine Landers, Leusa Santos e Katarina Moraes, todas excelentes, com uma característica em comum: eram repórteres totais em ação. Com um celular, fizeram cobertura ao vivo para impresso, televisão, site e rádio.

Amo ver essa troca de gerações que seguem amando o jornalismo. Recentemente, o Correio concluiu a primeira temporada do curso Jornalismo na Prática para uma turma que vai fazer história. Houve uma festa bonita de encerramento no nosso auditório, com um irreverente e divertido discurso do orador da turma, o cearense Marcos Victor Almeida.

Tudo isso está impresso em mim agora, guardado na caixa de afetos da memória, que acessarei sempre que tiver com as emoções a perigo, atraídas pela dureza do dia a dia. Para isso, servem as boas experiências e as pessoas, entre elas, jornalistas singulares que deixam suas marcas em cada texto, foto, áudio, vídeo. Tudo para contar histórias singulares.

 


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