Convite para celebrar a fé não se recusa. Especialmente para mim, que sou devota e testemunha do bem proporcionado pela entrega à espiritualidade. É com emoção que acompanho um grupo de 25 jovens da periferia do Grande Recife para duas apresentações, uma delas com a presença do papa Francisco, no Vaticano. Trata-se do evento Concertos pela Paz, concebido para sensibilizar a comunidade internacional contra as guerras. As apresentações serão em 3 e 4 de novembro.
Os jovens são músicos da Orquestra Criança Cidadã, projeto de inclusão pela música mantido com doações e voltado a meninos e meninas em situação de vulnerabilidade social. Eles se juntarão a russos, ucranianos e italianos numa celebração pela paz, organizada pela Charis Internacional com a Comunidade Obra de Maria, que me convidou para acompanhar essa jornada, um autêntico retiro cujo início se deu, neste fim de semana, em Fátima, Portugal, no Congresso Internacional Mariano, com orações, conferências e momentos de adoração, além da apresentação da Irmã Kelly Patrícia e do Padre Fábio de Melo.
Seja em Fátima, de onde escrevi este artigo, ou em Roma, na próxima semana, o desejo é um só: buscar caminhos para a paz mundial. Nos concertos no Vaticano, os jovens serão correspondentes de mensagens pelo fim da guerra.
O repertório dos brasileiros contempla peças clássicas, como o tango Por Una Cabeza, de Gardel, em tributo ao papa argentino, e Aquarela do Brasil, de Ary Barroso - além de Três Peças Nordestinas, do caruaruense Clóvis Pereira, obra ligada ao Movimento Armorial.
Como pernambucana, já conheço a história da Orquestra Criança Cidadã, idealizada pelo juiz João Targino há 17 anos. Sua frase é emblemática: "Com arte, não há guerra". Mais do que uma fábrica de músicos profissionais, o projeto é uma fábrica de cidadãos, diz Targino. Antes da música, eles aprendem a semear o bem, a lutar pela paz e se importar com o próximo.
A música é aliada incondicional da cidadania, assim como outras formas de arte. O projeto transforma a vulnerabilidade em oportunidade. Dali, saem músicos profissionais e cidadãos de verdade, comprometidos com a paz e livres do chamado da violência, que muito frequentemente atrai as crianças brasileiras para o ambiente da marginalidade.
Fico feliz e emocionada por ter a oportunidade de partilhar este momento dos jovens. Olhar pra eles nessa missão de tocar pela paz me dá aquele combustível capaz de manter acesa a chama da esperança. Em dias tão difíceis, com tantos inocentes morrendo em guerras estúpidas, precisamos alimentar nossa alma. Tenho certeza que voltarei reabastecida.