“Quanto mais precoce o tratamento, melhores serão também os resultados para os pacientes.” Quem nunca ouviu essa frase — alguns, várias vezes — para quase todas as doenças? Não é diferente com o transtorno de deficit de atenção com hiperatividade; abreviando-se, o TDAH. Embora seja reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o diagnóstico correto e a trajetória do paciente com TDAH nem sempre ocorre de forma simples e rápida no Brasil. Isso sem falar que é um transtorno que, geralmente, começa na infância e vai acompanhar a pessoa até a fase adulta.
A impressão que temos é de que, nos últimos anos, o diagnóstico tem sido mais frequente, como se grande parcela da população fosse diagnosticada com TDAH, em menor ou maior intensidade. Perdeu a chave, é TDAH; esqueceu o que estava falando, é TDAH; começou uma tarefa e não terminou; e por aí vai. Mas é importante ressaltar que o mundo mudou muito. A quantidade de informações, de afazeres e de produtos eletrônicos a que estamos sujeitos todos os dias é imensa. E nem sempre é TDAH. Essas quatro letras representam um distúrbio neurobiológico de causas genéticas, geralmente diagnosticado por psiquiatras, a partir de sintomas como: desatenção, inquietude e impulsividade.
Divididos entre desatenção e hiperatividade, alguns sinais são mais razoáveis de serem percebidos. O primeiro deles pode ser definido pela dificuldade de manter o foco e organizar as tarefas; e o segundo, por sinais como falar excessivamente e ficar se movimentando constantemente. Ao ser diagnosticado, o tratamento exige dedicação do paciente e da família, especialmente no caso de crianças e jovens.
Esses grupos podem apresentar mais problemas de comportamento, incluindo dificuldades com regras e limites. Em adultos, geralmente, manifesta-se pela desatenção para situações do cotidiano e do trabalho, problemas frequentes de memória e inquietação, sem falar nas associações como cigarro e abuso de álcool.
Fato é que o TDAH afeta quase 11 milhões de pessoas no Brasil (dados do Ministério da Saúde/2022 e do IBGE). Além disso, embora sempre seja mais associado ao desenvolvimento infantil, sabe-se que o distúrbio atinge também adultos acima dos 18 anos (chegando a 2 milhões de pessoas entre 18 e 44 anos) e vem apresentando número maior de diagnósticos em indivíduos acima dos 44 anos (faixa em que a prevalência chega a 6,1%). Os especialistas alertam para o estigma que as pessoas carregam ao receber o diagnóstico. No caso das mulheres, comentários como “ela está mais calma” são frequentes, o que contribui para erros e até atrasos no tratamento.
A boa notícia é que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o primeiro medicamento não estimulante para o tratamento do TDAH. A molécula — atomoxetina — é utilizada nos Estados Unidos desde 2002. Estudos clínicos, inclusive, comprovaram a eficácia no tratamento do distúrbio com comorbidades, como transtorno opositor desafiador, transtorno do espectro autista, ansiedade, transtorno de tiques e depressão. Sem dúvida, um alento para quem tem o transtorno.