* Por Rodrigo Rollemberg - Secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços — MDIC
Em 19 de outubro, o Brasil instalará o Comitê da Enimpacto — Estratégia Nacional de Economia de Impacto. Esse comitê consultivo tem uma missão clara: propor, monitorar, avaliar e articular a implementação da Enimpacto, uma iniciativa que busca reinventar a forma como abordamos os desafios
econômicos, sociais e ambientais que afetam nossa nação.
Nossa cerimônia de abertura contará com a presença ilustre do Prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus, renomado por sua revolução nas microfinanças por meio da criação do Banco Grameen, que se destacou ao desenvolver políticas de microcrédito para pequenos empreendedores, sobretudo mulheres.
Recentemente, Yunus lançou o livro Um Mundo de Três Zeros: Zero Pobreza, Zero Desemprego, Zero Emissões de Gases de Efeito Estufa. A Enimpacto nasceu a partir do Decreto nº 11.646, assinado pelo presidente Lula, e é resultado da iniciativa do vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin. Ela reúne 26 órgãos do governo federal, 26 representantes da sociedade civil e do setor privado, sendo presidida pela Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do MDIC.
A colaboração entre governo, empreendedores e investidores de impacto desempenha um papel crucial na superação de desafios sociais e ambientais, gerando melhores resultados públicos. Empresas de impacto investem recursos que aprimoram políticas públicas, ao mesmo tempo que estimulam o surgimento de novos mercados.
A economia de impacto, o núcleo da Enimpacto, é uma modalidade econômica que busca equilibrar a busca por resultados financeiros com a promoção de soluções para desafios sociais e ambientais. Ela se baseia em empreendimentos que geram impacto socioambiental positivo, visando a regeneração, a restauração e a renovação de recursos naturais, ao mesmo tempo que promove a inclusão de comunidades, contribuindo para um sistema econômico mais inclusivo, equitativo e regenerativo.
Essa abordagem da economia de impacto está alinhada com os objetivos de desenvolvimento sustentável estabelecidos na agenda 20-30 das Nações Unidas. No entanto, esses objetivos ainda parecem distantes de serem alcançados, o que torna a Enimpacto ainda mais crucial em nosso contexto atual.
A Estratégia Nacional de Economia de Impacto se baseia em cinco objetivos fundamentais. Ampliar a oferta de capital: para viabilizar negócios de impacto, é fundamental garantir financiamento adequado, com o intuito de fortalecer empreendimentos comprometidos com o bem-estar social e ambiental.
Aumentar a quantidade de negócios de impacto: promover o crescimento e a disseminação de negócios que priorizam o impacto positivo em paralelo aos ganhos financeiros é fundamental para alcançar uma transformação significativa. Fortalecer as organizações intermediárias: universidades e institutos de pesquisa desempenham um papel crucial na inovação e pesquisa de soluções. A Enimpacto busca fortalecer essas organizações como catalisadores de mudanças positivas.
Promover um ambiente institucional e normativo favorável: para estimular o crescimento da economia de impacto, é crucial estabelecer regulamentações e políticas que apoiem e incentivem esses empreendimentos. Promover a articulação interfederativa: a colaboração entre governo federal, estados e
municípios é essencial para criar uma rede unificada que promova a economia de impacto e responda aos desafios locais de forma eficaz.
Nos últimos anos, problemas sociais e ambientais agravaram-se significativamente devido às mudanças climáticas e ao aumento da desigualdade social. Eventos climáticos extremos, como a seca histórica na Amazônia e as enchentes no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, causaram sofrimento a milhares de famílias. Esses eventos servem de lembrete claro de que é imperativo reformular nossos modelos de negócios.
A economia de impacto oferece uma resposta a esses desafios, incentivando a inovação em prol do desenvolvimento de práticas mais sustentáveis. Por meio da agricultura regenerativa, reflorestamento de áreas desmatadas e desenvolvimento de soluções inteligentes para moradias, cidades e transporte, podemos transformar desafios em oportunidades.
A Estratégia Nacional de Economia de Impacto e o compromisso com a colaboração entre empreendedores, investidores e governos de todos os níveis estão pavimentando o caminho para uma transformação significativa. O desafio agora é garantir que essa visão se torne cada vez mais hegemônica, com o comprometimento político de nossas lideranças e a apropriação de recursos necessários para concretizar essa agenda transformadora.
Juntos, podemos construir um futuro no qual a prosperidade esteja intrinsecamente ligada ao bem-estar de nossa sociedade e de nosso planeta. O futuro está diante de nós, e a economia de impacto é a chave para desbloquear seu pleno potencial.