Transporte público quase sempre é um grande problema para os usuários e para o Estado. Há poucos dias, um cobrador de ônibus foi morto, com tiro à queima roupa, por latrocidas, simplesmente porque não ouviu a ordem do marginal para que passasse o dinheiro que estava no caixa. O crime ocorreu na capital da República, diante de dezenas de passageiros, que ficaram em pânico e atônitos com a inominável violência. Os criminosos foram presos, mas a insegurança não cessa aí. Cabe às autoridades responderem à indagação feita por todos: quais providências serão tomadas para que os usuários tenham sua integridade preservada?
Os passageiros queixam-se também dos furtos nos ônibus. Essa outra expressão de violência por falta de segurança nos terminais e dentro dos veículos. Algo corriqueiro em todo país, a exigir das empresas e dos governos providências urgentes. Trabalhadores, estudantes, idosos compõem a maioria dos usuários do transporte coletivo, um segmento da sociedade com pouca renda.
As mulheres também são vítimas, cotidianamente, do assédio sexual no transporte público, seja ônibus, seja metrô ou no transporte por aplicativo. A separação de vagões exclusivos para mulheres é uma alternativa desrespeitada. E isso ocorre não só pelo elevado número de usuários, mas, sobretudo, pela falta de educação, respeito e machismo dos homens, pródigos em desrespeitar as mais básicas regras de civilidade. Por parte das empresas, falta fiscalização, a fim de conter os abusos no interior dos ônibus e trens.
As administradoras de aplicativos, provavelmente, não fazem uma seleção rigorosa do comportamento pregresso dos motoristas. Ainda que tomem providências contra os agressores de passageiros, são medidas que chegam com atraso. Os danos aos usuários poderiam ser evitados se critérios rigorosos de seleção fossem práticas regulares.
O público LGBTQIAP , além de ser suscetível a diferentes formas de violência, é alvo também da homofobia. As agressões não são físicas ou patrimoniais. Esse segmento sofre com as agressões verbais e intimidações. Recentemente, uma série de reportagens do Correio Braziliense revelou as dificuldades que esse grupo enfrenta dentro do transporte coletivo. Desrespeitados, eles são vistos como parcela de não humanos por uma sociedade eivada de preconceitos.
Os deficientes físicos formam outro grupo da população que enfrenta dificuldades de mobilidade se depender, unicamente, do transporte público. Em grande parte dos ônibus, faltam sistemas que facilitem o acesso de cadeirantes, usuários de muletas, entre outros obstáculos.
Na capital da República e na maioria das cidades brasileiras, o transporte coletivo ainda deixa muito a desejar. Longe de padrões de segurança e de respeito aos usuários. Tratam-se de questões antigas e não resolvidas, apesar das críticas e das demandas dos usuários. Empresas e poder público postergam soluções que assegurem qualidade ao serviço prestado à sociedade. Ambos têm obrigação de atender bem e de modo satisfatório os passageiros, garantindo-lhes conforto e segurança. Isso é mínimo o que devem aos usuários.