Futebol

Artigo: Deixa o técnico trabalhar

Dois dos três treinadores mais longevos da Série A do Campeonato Brasileiro estão classificados para as decisões da Libertadores e da Copa Sul-Americana. Seriam três, porém Abel Ferreira foi eliminado

As finais dos torneios continentais organizados pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) deixam duro recado para os clubes brasileiros: o tempo é o senhor da consolidação de um trabalho coeso para cobiçar títulos. Dois dos três técnicos mais longevos da Série A do Campeonato Brasileiro estão classificados para as decisões da Libertadores e da Copa Sul-Americana. Seriam três caso o mais estável deles, o português Abel Ferreira, não fosse eliminado pelo Boca Juniors.

Fernando Diniz acumula 1 ano, 5 meses e 7 dias como técnico do Fluminense. São 100 jogos. Em 4 de novembro, o mineiro de Patos de Minas terá a missão de brindar o tricolor das Laranjeiras com a inédita Glória Eterna, no Maracanã, contra o Boca Juniors. Durante o tempo de serviço, aplicou e converteu o elenco aos conceitos batizados popularmente de “dinizismo” e devolveu o clube à final após 15 anos.

O presidente Mário Bittencourt teve paciência de Jó e pulso firme para sustentar o trabalho. Conquistou o Campeonato Carioca com autoridade contra o Flamengo, foi eliminado da Copa do Brasil pelo arquirrival nas oitavas de final, mas não ouviu as cornetas. Valorizou ainda mais o profissional ao compartilhá-lo com a CBF. Diniz vai trocar o chip depois do clássico de amanhã contra o Botafogo e assumir a Seleção para os duelos com Venezuela e Uruguai pelas Eliminatórias da Copa.

Há dois anos, Diniz não servia para um time da Série B! Os gênios de São Januário contrataram o profissional e o demitiram depois de 12 jogos! Quatro vitórias, três empates e cinco derrotas. Impaciente, o Vasco ficou na segunda divisão em 2021. Diniz passou sete meses desempregado até o Fluminense elegê-lo para o lugar de Abel Braga.

O argentino Juan Pablo Vojvoda é o segundo técnico mais estável do país entre os 20 da Série A. Governa a prancheta do Fortaleza há 2 anos, 5 meses e 3 dias. São 185 partidas. Pouco menos do que o campeão de estabilidade Abel Ferreira. O lusitano acumula 2 anos, 11 meses, 3 dias e 233 jogos no Palmeiras. Com ele, o time paulista ganhou a Libertadores duas vezes e caiu em duas semifinais. Sem contar títulos no Brasileirão, Copa do Brasil, Paulistão e vice no Mundial contra o Chelsea na prorrogação.

Vojvoda comanda um time popular. A torcida do Fortaleza cobra pesado, porém o presidente Marcelo Paz estabeleceu relação de lealdade com o técnico. O profissional recebeu ofertas de gigantes do futebol brasileiro. Resistiu a todas elas. É tricampeão do Campeonato Cearense (2021, 2022 e 2023) e ganhou a Copa do Nordeste (2022). Atinge o ápice com a vaga para a final da Copa Sul-Americana contra a LDU.

Enquanto o Botafogo, líder do Campeonato Brasileiro com sete pontos de vantagem, troca de técnico como quem muda de roupa, Fluminense, Fortaleza — e por que não dizer o eliminado Palmeiras — indicam o caminho para o sucesso.

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