Cultura

Artigo: Elis & Tom

Ao assistir ao documentário, voltei a perceber o quanto Tom era minimalista, tanto quanto as notas que que utilizou para compor Chega de Saudade, a canção símbolo da Bossa Nova

Quando entrevistei Tom Jobim, na varanda de sua ampla casa, no Alto Leblon, com vista para o Jardim Botânico, cinco meses antes de ele partir para outra dimensão, o maestro soberano ateve-se em falar mais sobre a beleza daquele imenso parque, instalado na Zona Sul do Rio de Janeiro, das aves e dos bichos que o habitavam — em especial do urubu pelo qual tinha grande admiração.

Ao bater um longo papo com Elis Regina em 24 de novembro de 1979, antes da estreia do espetáculo Essa Mulher, no Cine Brasília, a Pimentinha focou a conversa, predominantemente, na participação dela nas Olimpíadas do Exército, durante a ditadura militar, para explicar que havia subido ao palco, no Mineirão, em Belo Horizonte, para fazer um show, forçada pelo ditador de plantão.

Ao assistir ao documentário Elis & Tom, voltei a perceber o quanto Tom era minimalista, tanto quanto as notas que utilizou para compor Chega de Saudade, a canção símbolo da Bossa Nova, movimento musical do qual foi um dos criadores, junto com Vinicius de Moraes e João Gilberto.

A exuberância de Elis podia ser percebida desde quando surgiu no para o grande público, ao interpretar Arrastão, de Edu Lobo e Vinicius de Moraes, vencedora do primeiro festival de música em 1966. Não por acaso, foi chamada de Hélice Regina.

Essa diferença entre esses dois nomes icônicos da música popular brasileira pode ser facilmente constatada em Elis & Tom — Só tinha de ser com você,o documentário que retrata o histórico encontro dos dois num estúdio em Los Angeles, há 45 anos para a gravação do memorável LP Águas de Março, produzido por Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay.

O filme que está em cartaz nos cinemas da cidade conta com a participação, também, do arranjador César Camargo Mariano — que viria a ser marido de Elis — e de outros grandes músicos: Hélio Delmiro e Oscar Castro Neves (violão), Luizão Maia (contrabaixo),Paulo Braga (percussão).

No documentário, além de Águas de Março e Só tinha de ser com você, ouve-se outros clássicos do nosso cancioneiro compostos por Antônio Carlos Brasileiro Jobim, como Fotografia, Modinha, Por toda a minha vida e Retrato em branco e preto.

 


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