Em 2022, foram registrados mais 66 mil casos de câncer de mama no país, segundo os dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), do Ministério da Saúde. Mesmo com taxas diferenciadas por região, a doença é a principal causa de mortalidade das mulheres no país e o segundo tipo mais frequente no mundo. Essa alta letalidade está relacionada, em boa parte, aos diagnósticos tardios. A doença é identificada em estágio avançado, o que dificulta ou torna impossível a cura.
Há 21 anos, o Brasil aderiu ao movimento mundial Outubro Rosa, lançado nos anos 1990, a fim de alertar as mulheres para a importância dos exames periódicos, sobretudo, os de mama, e, assim, detectar precocemente o câncer. A campanha recomenda ainda que as mulheres aprendam e façam o autoexame das mamas. Ao menor sinal de um nódulo, buscar o atendimento e os cuidados necessários.
A Sociedade Brasileira de Mastologia alerta, entretanto, que o autoexame não deve ser o único elemento para a busca de um especialista. A suspeita de um nódulo por meio do autoexame pode significar que ele esteja em estágio avançado. Portanto, a consulta periódica com especialistas e a realização dos exames recomendados é o meio mais segro e capaz de identificar precocemente a doença e receber o tratamento adequado.
Especialistas ressaltam que o diagnóstico precoce é o maior aliado contra o câncer. Mas isso nem sempre é possível para grande parte das mulheres. Aquelas de baixa renda e dependentes dos serviços da rede pública, enfrentam dificuldades de conseguir uma consulta e passar pelos testes necessários. Há também as que desistem depois de passar por experiências bem ruins. A falta de informação correta ainda é a grande adversária da saúde das mulheres, independentemente da condição socioeconômica. Como efeito colateral da desinformação, há mulheres que evitam um encontro como especialista por ter medo de um resultado positivo.
Os dados oficiais ou de instituições de classe são fartos para que as autoridades de saúde adotem as medidas necessárias para postergar a morte dos brasileiros. Falta estrutura na rede pública capaz de garantir atendimento adequado, oferecendo aos pacientes os meios indispensáveis ao enfrentamento do câncer de mama e de muitas outras doenças de alta letalidade. A sociedade, por sua vez, deve dar sua contribuição, que começa com a vacinação de adolescentes (meninos e meninas) contra o vírus HPV, responsável por uma margem expressiva dos cânceres do colo de útero e lesões pré-cancerosas.
A publicação Estimativa 2023 — Incidência de Câncer no Brasil, produzida pelo Inca, prevê 704 mil novos casos de câncer no país no triênio 2023-2025. É um número bem alto que impõe ao poder público — municipal, estadual e federal — a tomada de providências para que os brasileiros tenham a assistência adequada e plena no embate individual contra o câncer e outras moléstias igualmente graves.