Carlos Bianchi é o técnico recordista de títulos da Copa Libertadores da América. O único com quatro troféus no currículo: um com o Vélez Sarsfield (1994) e três pelo Boca Juniors (2000, 2001 e 2003). Das seis glórias eternas do time xeneize, adversário do Fluminense no próximo sábado, às 17h, na final única marcada para o Maracanã, metade teve a assinatura do senhor de 74 anos.
O treinador aposentado vive em Paris e tinha uma característica marcante batizada de "Método Bianchi". Colecionou nove títulos no Boca, cinco deles internacionais, com a seguinte fórmula quase infalível: jogadores inteligentes e efetividade na decisão por pênaltis.
Dos três títulos de Bianchi pelo Boca na Libertadores, dois foram conquistados nas cobranças dos 11 metros. Superou o Palmeiras em 2000, no Morumbi; e o Cruz Azul do México em 2001, no Estádio La Bombonera. Em 1994, brindou o Vélez Sarsfield com a taça inédita diante do São Paulo nos pênaltis. Quase brindou o Boca com a taça em 2004 também nos pênaltis. O surpreendente Once Caldas da Colômbia quebrou o encanto de Bianchi, em Manizales.
O bianchismo virou legado. Uma espécie de DNA do Boca. Abandonado durante uns períodos, mas resgatado em outros. O técnico acumulou 24 confrontos de mata-mata em participações na Libertadores. Ganhou 21. Foi a seis disputas por pênaltis e venceu cinco.
Certa vez, Carlos Bianchi explicou o segredo do sucesso. "Um treinador precisa de jogadores bons e inteligentes para fazer as coisas, não de fenômenos. Se você tem grandes jogadores, mas eles não são inteligentes, não conseguirão realizar nada". Bianchi teve estrelas como Riquelme, Palermo e Tévez na era dourada, porém os times dele eram formados predominantemente por jogadores inteligentes capazes de executar as ideias dele. Hugo Ibarra, Guillermo Schelotto, Marcelo Delegado...
Algo praticamente inegociável nos times de Bianchi era a presença de um goleiro pegador de pênalti. Chilavert foi o herói do Vélez em 1994. Córdoba assumiu o protagonismo nas conquistas de 2000 e de 2001 do Boca. Abbondanzieri herdou as traves na conquista de 2003.
O Boca ressuscitou o Método Bianchi. O time de Jorge Almiron não arranca suspeiros. A ordem é competir. Se possível na decisão por pênaltis. Eliminou Nacional-URU, Racing-ARG e Palmeiras com essa fórmula. Há uma estrela, Cavani, jogadores inteligentes capazes de executar as ideias de Almirón e um goleiro intimidador nos pênaltis. Sergio Romero tem seis pênaltis defendidos nesta Libertadores: duas nas oitavas, duas nas quartas e duas nas semi.
O Fluminense é melhor no papel, porém enfrentará um adversário que dá de ombros ao espetáculo. A obsessão do Boca é pelo hepta para igualar o recordista Independiente. De preferência nos pênaltis — para quem esse tipo de decisão não é loteria. Virou quase certeza de sucesso desde a incorporação do Método Bianchi.
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