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Artigo: Segurança pública e cidadania

Quando a segurança pública de uma cidade começa a ser alvo de críticas, motivo de pautas dos veículos de comunicação e começa a exigir medidas administrativas internas para que retome seu rumo, o fato exige uma providência que leve tranquilidade à população

Opinião 1309 segurança publica -  (crédito: Caio Gomez)
Opinião 1309 segurança publica - (crédito: Caio Gomez)
postado em 17/10/2023 06:01

José Natal - Jornalista

Quando a segurança pública de uma cidade começa a ser alvo de críticas, motivo de pautas dos veículos de comunicação e começa a exigir medidas administrativas internas para que retome seu rumo, o fato exige uma providência que leve tranquilidade à população — geralmente sem ter muito a quem recorrer. Do início do ano até os dias de hoje, segundo dados oficiais, em Brasília, 71 casos de tentativas de homicídios foram reportados e 11 pessoas foram mortas em vias públicas, inclusive dentro de coletivos, ou em carros de aplicativos.

Quem ouve rádio, faz leitura dos jornais e assiste televisão acompanha, com medo e preocupação, essa macabra estatística. A violência desenfreada e fora de controle nos grandes centros no Brasil, nos últimos tempos, já não surpreende ninguém. Os assassinatos constantes na Bahia, e em todos os meses no Rio de Janeiro e na periferia de São Paulo, estão na mente de todos nós diariamente. Brasília, a mais nova metrópole do país, para nossa tristeza, começa a ilustrar esse nada consagrador painel de crimes urbanos. A estatística não falha, basta conferir.

No início do ano, uma família inteira foi dizimada na área rural da cidade, levando o pânico à toda a vizinhança, uma tragédia. Nos últimos trinta dias, a onda de crimes cresceu. Uma mulher foi feita refém dentro de um ônibus, um cobrador foi morto com um tiro na cabeça e várias denúncias de pessoas que foram molestadas nos parques mal iluminados da cidade foram anotadas.

Os crimes contra mulheres em Brasília acontecem com uma frequência pertubadora. Tanto descontrole e o aumento dessas ocorrências já exigem redobrada atenção das autoridades policiais no combate a essa onda de crimes. Para uma cidade tão jovem, esse dado negativo apavora. Seria oportunismo, e provocação política gratuita, relacionar aqui o amontoado de atitudes mal explicadas dos órgãos de segurança pública de Brasília nos fatídicos acontecimentos de 8 de janeiro. Não se trata disso. O fato é que as coisas erradas, ou mal explicadas, estão se acumulando.

Com alguma vaidade, e com certo orgulho, a Secretaria de Segurança Pública divulgou, dias atrás, uma pesquisa que atesta que o número de homicídios em Brasília, este ano, foi o menor registrado nos últimos 24 anos. De janeiro até setembro, para ser exato.

Boa notícia, claro que sim, e que prossiga nessa queda. Agora, a comunidade, que não acompanha e nem se baseia em pesquisa para sair de casa, cobra das autoridades medidas mais visíveis e efetivas. Os parques e os locais frequentados pela população, para o lazer, devem ser melhor policiados. Todos eles, em vários pontos da cidade, carecem de melhor atenção e cuidados em relação à segurança. O ideal seria que a polícia, ou agentes de segurança, tenham postos fixos de atuação nesses locais, e não apenas esporadicamente.

A presença do policial nas vias públicas, as chamadas duplas de Cosme e Damião, para muitos uma nostálgica e inútil lembrança, talvez possa ser um indicativo de melhores dias para a segurança da comunidade. O cidadão não é tolo, a comunidade não é alienada da realidade e todos sabem das dificuldades que os governos enfrentam na busca dessas melhorias. Não se trata de uma crítica gratuita e irresponsável, mas, sim, de um gesto de alerta e, até, de colaboração para o bem comum. Mais do que nunca, a polícia deve melhor se humanizar, aproximar-se mais do cidadão e melhor entender as diferentes carências da cada segmento.

Segurança se faz com a presença física do agente policial, seja ele na figura da polícia montada, da guarda regional ou das chamadas rádio patrulhas. É fundamental que cidadão e policial se unam em benefício do bem comum. As cenas de violência policial, comuns no dia a dia Brasil afora, e quase sempre contra negros e gays, sempre contribuem para que a comunidade, em vez de buscar no policial um abrigo e proteção, mais se afasta e mais se assusta com tais gestos. A presença da Polícia Militar, junto à comunidade, em momentos diferentes e em circunstâncias alternadas, representa bem o que aqui queremos dizer.

O PM, sempre que solicitado para um atendimento a uma família, mostra-se prestativo e solidário. O mesmo acontece com a corporação Corpo de Bombeiros, eterna guardiã do cidadão. A força policial, seja ela de qualquer setor, pode e deve passar ao cidadão uma constante demonstração de proteção, e não de repressão. As duas coisas, dentro da lei, da ética e com bom senso podem muito bem ter uma convivência saudável. Basta querer.

 


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