Neste Dia do Professor, impõe alertar, mais uma vez, para uma necessidade tão antiga quanto essencial: a imperiosa urgência de melhorar a educação no país. Trata-se de caminho incontornável se o Brasil quiser galgar efetivamente novos patamares de desenvolvimento. Investir na qualidade do ensino direciona a nação para um futuro promissor; tem efeito direto no mercado de trabalho; contribui para combater mazelas, como a violência; ajuda a instaurar a civilidade no nosso meio; forma cidadãos capazes de fazer as melhores escolhas na política, na economia, na vida cotidiana.
Os efeitos positivos citados brevemente acima evidenciam os benefícios transversais e geracionais proporcionados pelo cuidado com a educação. Aprimorar a qualidade do ensino deveria ser — e aqui não se fala novidade alguma — política de Estado, e não de governo. Infelizmente, gestões irresponsáveis e vieses ideológicos, tanto da esquerda quanto da direita, prejudicam a formação educacional de brasileiros.
Perpetua-se um estado de coisas lastimável, como crianças em idade escolar que não compreendem os rudimentos do português ou da matemática; jovens que abandonam o ensino médio; professores mal remunerados e desvalorizados; escolas em condições deploráveis – quando há escolas.
É extensa a quantidade de estudos disponíveis que detalham os desafios educacionais no Brasil. Um levantamento esclarecedor foi divulgado em setembro pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no relatório Education at a Glance (Um olhar para a educação, em tradução livre). Os dados informam que o Brasil investe US$ 3,5 mil por aluno/ano na educação pública básica. É menos de um terço da média dos países da OCDE, na faixa de US$ 10,9 mil. E o baixo investimento é apenas uma parte do problema. Mais do que a quantidade de recursos, especialistas alertam
para a necessidade de se observar a qualidade desses investimentos, a partir da verificação de seus resultados.
Outra amostra inquietante veio a público na semana passada. O Censo da Educação Superior, divulgado pelo Ministério da Educação, identificou sinais preocupantes na formação de professores. O levantamento apontou um crescimento vertiginoso dos cursos a distância. Na formação em licenciatura, 80% dos alunos optaram por essa modalidade. Não se trata, como ponderou o ministro da Educação, Camilo Santana, de “demonizar” os cursos a distância. Mas existe claramente um deficit de qualidade na preparação desses futuros profissionais da sala de aula.
Segundo o resultado mais recente do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), a situação é grave: os cursandos de licenciatura tiveram, numa escala de 0 a 10, nota abaixo de 5. Em Pedagogia, anotaram 3,6. “Não podemos aceitar que a grande maioria dos cursos de licenciatura do Brasil seja a distância”, disse Camilo Santana. “Não tenho dúvidas de que vamos ter desafios enormes em relação, principalmente, aos cursos de licenciatura”, acrescentou.
Está claro, pois, que o Brasil precisa unir esforços para empreender uma educação sólida, que prepare o país para os monumentais desafios presentes e futuros. Problemas como desigualdade social, emergência climática, avanço do crime organizado, apenas para citar alguns, só poderão ser mitigados ante uma ação coletiva, que envolva governo e sociedade, em todos os níveis.
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