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Pediatria

Artigo: Da infância à maioridade, pela saúde integral da criança sob tutela do pediatra

A Pediatria, na medicina, em sua nobre trajetória, tem como missão primordial assegurar que cada criança seja atendida com excelência, valorizando sua singularidade, dignidade e direitos inerentes

PRI-1310-OPINI -  (crédito: Maurenilson Freore)
PRI-1310-OPINI - (crédito: Maurenilson Freore)
Clóvis Francisco Constantino - Opinião
postado em 13/10/2023 06:00

A infância, esse período repleto de descobertas e aprendizados, é o alicerce sobre o qual se constrói o caráter e a personalidade de um indivíduo. É nessa etapa crucial que lançamos as bases para uma vida adulta plena, tanto em saúde física quanto emocional e mental. Como sociedade, e mais especificamente como pediatras, temos o dever inalienável de garantir que cada criança tenha a oportunidade de crescer em um ambiente que lhe proporcione segurança, saúde e afeto.

A bioética clínica (médica), em sua essência, nos guia sobre a primazia do respeito à autonomia, beneficência, não maleficência e justiça. Tais princípios tornam-se ainda mais vitais quando nossa atenção se volta para a criança e para o adolescente. Ouvir suas vozes, suas preocupações, por mais singelas que possam parecer, é uma forma de respeitar sua autonomia. E, sempre que viável, é nosso dever incluí-las nas decisões que afetam diretamente suas vidas.

A Pediatria, na medicina, em sua nobre trajetória, tem como missão primordial assegurar que cada criança seja atendida com excelência, valorizando sua singularidade, dignidade e direitos inerentes. A Constituição Brasileira, em seu artigo 227, estipula que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Além disso, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) vem reforçar essa missão, estabelecendo parâmetros claros para a proteção integral de nossos jovens. Como médicos, é essencial que estejamos alinhados a esses princípios, garantindo que cada intervenção seja pautada no melhor interesse da criança. Como médicos, é essencial que estejamos alinhados a esses princípios, garantindo que cada intervenção seja pautada no melhor interesse da criança.

Aspectos como a amamentação, o simples ato de brincar, o contato revigorante com a natureza, um sono de qualidade, uma alimentação balanceada, a salvaguarda contra qualquer forma de violência e a moderação no uso de dispositivos eletrônicos são pilares fundamentais para um desenvolvimento saudável.

O pediatra, contudo, não se limita ao espaço de uma singular consulta (do consultório). A cada encontro com as famílias, surge uma chance de reiterar a dignidade e o respeito que cada jovem merece. Estamos, ainda que indiretamente, presentes nas escolas, nas comunidades e influenciando políticas públicas, sempre em prol dos direitos das crianças. Afinal, cuidar da saúde de uma criança vai além de tratar enfermidades; é criar um ambiente propício para seu pleno desenvolvimento e crescimento.

Entretanto, nem sempre o cenário é favorável. Diariamente, enfrentamos desafios que questionam nossa integridade e comprometimento ético. Seja na busca por uma formação médica de excelência, na defesa de condições de trabalho dignas ou na promoção de uma capacitação profissional sólida, nossa jornada é constante para elevar o padrão do atendimento pediátrico.

Neste mês emblemático de outubro, em que homenageamos as crianças no dia 12, apelo à sociedade para reconhecer a importância de cada criança ter ao seu lado um pediatra, não apenas como um especialista, mas como um guardião de seu desenvolvimento integral. Vale lembrar que, no dia 15, também celebramos o Dia do Professor e, nós, pediatras, antes de tudo, em nossa missão da puericultura, somos educadores do presente na direção do futuro saudável e pleno.

A passarmos também pelo dia 18, data em que comemoramos os médicos, conclamo meus colegas de profissão a uma profunda reflexão sobre nossa missão. Que possamos fortalecer nosso compromisso ético e, juntos, iluminar o futuro de nossos jovens. Pois, nas palavras do visionário Albert Sabin, "é preciso fazer alguma coisa pelas pessoas sem visar lucro". E que possamos, juntos, fazer a diferença na vida de cada criança.

Clóvis Francisco Constantino, Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)

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