A devastação causada pela covid-19 deixou cicatrizes em todos nós, em maior ou menor grau. Que árdua e dolorosa jornada foram esses últimos três anos. Lembremos lá do começo, de 30 de janeiro de 2020, quando a Organização Mundial da Saúde soou o alerta, ao decretar a emergência global. Na ocasião, havia 7.834 casos da doença confirmados no mundo — 7.736 deles na China. Os demais 98 estavam distribuídos por 18 países. As mortes, até então, eram 170, todas ocorridas em território chinês.
O que vimos nos meses e anos seguintes foi a calamidade. O vírus colocou o planeta de joelhos, espalhou dor e sofrimento. As mortes diárias eram contadas aos milhares, sistemas de saúde colapsaram, economias entraram em turbulência, milhões de pessoas mergulharam na pobreza.
Oficialmente, a pandemia causou quase sete milhões de mortes no mundo. Esses, claro, são os casos dos quais as autoridades de saúde tiveram conhecimento. A estimativa é de que o número seja quase três vezes maior.
O Brasil contabilizava, até ontem, 705.962 óbitos. Por aqui, a crise sanitária acabou agravada pela postura irresponsável — para dizer o mínimo — de um governo negacionista da ciência. Como esquecer dos hospitais lotados, da crise de oxigênio em unidades de Manaus, das imagens de cemitérios com fileiras e mais fileiras de covas recentes ou sendo abertas?
E a tragédia teria sido numa dimensão muito maior não fosse o desenvolvimento recorde de vacinas altamente eficazes. Os imunizantes frearam a ação do vírus e salvaram milhões de vidas. Até 30 de abril último, mais de 13 bilhões de doses tinham sido aplicadas mundo afora.
Na segunda-feira passada, dois cientistas que ajudaram no desenvolvimento de vacinas contra o coronavírus receberem devido reconhecimento, contemplados com o Prêmio Nobel de Medicina. A técnica descoberta pela bioquímica húngara Katalin Karikó e pelo pesquisador americano Drew Weissman abriu caminho para a criação célere dos imunizantes.
A pesquisa da dupla, feita ao longo de 20 anos, é tão inovadora que se vislumbra, no futuro, usá-la para o enfrentamento de outras doenças, inclusive determinados tipos de câncer.
O mundo, portanto, deve muito a Karikó e a Weissman, assim como a todos os cientistas que, por seus trabalhos, possibilitaram a erradicação de doenças ou fizeram com que determinadas enfermidades não representassem mais uma ameaça. Profissionais dedicados à proteção e à evolução da humanidade. Gratidão.
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