FÁTIMA LIMA, formada e pós-graduada em marketing pela FAAP e em gestão empresarial pela Universidade de Navarra (Espanha), é presidente da comissão de integração da Confederação Nacional de Seguros
A economia prateada, representada por aqueles com 60 anos ou mais, está se tornando uma força poderosa na sociedade e na economia brasileira. Com o rápido aumento dessa população que, de acordo com o Censo, saltou de 11% para 15% apenas na última década, o mercado de seguros precisa se adaptar e reconhecer a importância desse público para seus negócios.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostram que a parcela de pessoas acima de 60 anos, em sua maioria mulheres, é responsável pela renda principal de 25% dos lares brasileiros e responde pela manutenção desses domicílios, cuidando das compras de alimentos e higiene, do pagamento das contas de consumo e até da segurança da casa. Capitais como o Rio de Janeiro e Porto Alegre, por exemplo, têm mais habitantes acima de 60 anos do que crianças e jovens de 0 a 19 anos.
Esse grupo demográfico diversificado e dinâmico não vê mais a idade como uma barreira intransponível, mas como uma oportunidade para viver uma vida plena e independente. Essas mudanças são refletidas na forma como eles consomem produtos e serviços, incluindo seguros. Eles desejam ser vistos como cidadãos, consumidores e membros ativos da sociedade, sem diferenciação positiva ou negativa. Buscam tratamento igualitário por parte de marcas, produtos e serviços, embora ainda se beneficiem de atendimentos preferenciais e espaços prioritários.
As empresas de seguros têm a responsabilidade de entender as necessidades dos Novos 60+ e desenvolver produtos e serviços que atendam a essas demandas. Isso inclui a criação de soluções que promovam a independência financeira e a segurança no envelhecimento. Se por um lado, planos de saúde e previdência privada, por exemplo, perdem espaço, assistências e personalizações de coberturas ganham um leque variado de oportunidade de crescimento.
É crucial, portanto, que as empresas tratem esse público com igualdade e respeito, reconhecendo sua contribuição para a economia e a sociedade em geral. Conforme projeções do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a estimativa é que em 2100, os idosos passem a representar mais de 40% da população brasileira. Os "Novos 60+" buscam não apenas produtos de seguros, mas também experiências e relacionamentos com empresas que os compreendam e atendam às suas expectativas.
A independência é uma das aspirações mais importantes desse público, e as seguradoras podem desempenhar um papel fundamental ao desenvolver soluções que permitam que os idosos vivam de maneira livre e assistida com dignidade. Isso envolve não apenas produtos de seguros, mas também serviços de assistência e suporte para inúmeras situações do cotidiano. Com filhos morando longe ou pelo estilo de vida atual em que todos se sentem sobrecarregados, os 60+ são obrigadas a encontrar soluções e prestadores de serviços para as mais diversas necessidades.
À medida que continuamos a enfrentar o desafio do envelhecimento da população, é fundamental que o mercado de seguros adote uma abordagem inclusiva e igualitária em relação aos idosos. A maturidade não é o fim, mas, sim, uma fase rica em experiências e sabedoria, e as seguradoras têm a oportunidade de desempenhar um papel significativo em apoiar e proteger aqueles que estão entrando nessa fase da vida.
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