Futebol

Gestões erradas, times errantes

A administração do presidente Rodolfo Landim no Flamengo terá o décimo técnico em cinco anos: desperdício de R$ 46,1 milhões em multas rescisórias

As gestões dos departamentos de futebol de alguns clubes da Série A do Campeonato Brasileiro lembram um trecho da canção Nada Sei (Apneia) do Kid Abelha. Temos cartolas errados, errantes, sempre na estrada, sempre distantes, e eles vão errando enquanto o tempo deixar. Com as devidas adaptações, o início da 25ª rodada neste sábado funcionaria muito bem como um clipe da música interpretada pela rubro-negra Paula Toller.

Clube mais rico do país, com receita superior a R$ 1 bilhão, o Flamengo não se cansa de cometer equívocos. Está pela segunda vez na temporada sob a direção de um técnico interino. Mário Jorge, comandante do sub-20, é o responsável por escalar o time contra o Bahia, hoje, no Maracanã. Vítor Pereira e Jorge Sampaoli foram demitidos em nove meses. O clube fracassou em sete competições. Foi vice do Campeonato Carioca, Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana e Copa do Brasil. Terminou em terceiro no Mundial de Clubes e na Taça Guanabara, caiu nas oitavas na Libertadores e inicia o fim de semana em sétimo lugar no Brasileirão — fora da zona de classificação a edição de 2024 do principal torneio do continente.

A administração do presidente Rodolfo Landim terá o décimo técnico em cinco anos: Abel Braga, Jorge Jesus, Domenéc Torrent, Rogério Ceni, Renato Gaúcho, Paulo Sousa, Dorival Júnior, Vítor Pereira e Jorge Sampaoli. Um profissional a cada seis meses. Desperdício de R$ 46,1 milhões em multas rescisórias.

Enquanto o tempo permite, Duilio Monteiro Alves abusa de errar no Corinthians. Por sinal, a areia da ampulheta dele está no fim. O mandato vence em dezembro. Haverá eleição em novembro. O dirigente assumiu o cargo em 2021. São sete treinadores no período: Vágner Mancini, Sylvinho, Vítor Pereira, Fernando Lázaro, Cuca, Vanderlei Luxemburgo e Mano Menezes.

Sempre na estrada, sempre distante, o cartola até “esqueceu” do que disse quando chegou ao poder. “Mano não trabalha no Corinthians no meu mandato”. Não somente contratou o treinador, possivelmente o último da gestão dele, como se retratou ao apresentá-lo: “Me desculpo por ter falado isso. A gente na vida aprende, a gente pode mudar de ideia, e entendo hoje que o Mano é o melhor para o Corinthians”. Mano estreia hoje contra o São Paulo.

O Atlético-MG é outro clube da vibe errado, errante. Surpreendeu ao reformar Luiz Felipe Scolari seis meses depois de o profissional se aposentar. Felipão não perde há quatro jogos e vai escalando a classificação devagarinho.

Hoje, o Galo enfrentará Eduardo Coudet, ex-técnico do time. O argentino voltou ao Internacional depois de uma decisão surpreendente da diretoria colorada. Coudet havia saído do Beira-Rio pela porta dos fundos no fim de 2020 e recebeu a segunda chance. É semifinalista da Libertadores. Assim caminham as gestões do futebol brasileiro. Erradas, errantes, errando (e acertando) enquanto o tempo deixar.

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