Certa vez, às vésperas de sair para minha travessia no Caminho de Santiago, escrevi aqui que caminhar traz a vida prática para dentro da CPU da mente. Organiza as pastas e os arquivos internos, joga fora o lixo mental e nos convida a olhar a vida com mais atenção, capacidade crítica, generosidade.
Caminhar é terapêutico e tenho provas diárias disso. E não é apenas uma medida a favor do corpo. Andar a pé acarinha nosso espírito livre, nos faz querer sempre sair por aí, olhar o belo e também a realidade nua e crua, tal como se apresenta. Gosto de ser uma andarilha e de ter choques de realidade com o contraste das ruas.
Mais do que isso, adoro ser uma porta-voz, com toda a minha modéstia e pequena audiência, desse estilo de vida. Porque ele nos salva dos dias nublados e da tormenta de pensamentos.
Estive em Chicago e no Meio-Oeste americano com um grupo de jornalistas a convite da companha John Deere, líder global em fabricação de maquinário agrícola e outras tecnologias (você encontra a matéria sobre o agro e a tecnologia na Revista do Correio de hoje). Em momentos livres, caminhei por Chicago com uma das minhas companheiras de viagem, Melina Fogaça, repórter da revista especializada M&T.
Acredito que toda cidade deve ser conhecida a pé. É assim que descobrimos lugares além daqueles turísticos. E temos uma ideia dos hábitos e costumes dos anfitriões. Pegamos dias lindos de sol e de um vento fresquinho típicos dessa época do ano. Com outros amigos da turma Carolina Zanatta, Lulu Praxedes, Mariana Grilli, Cleyton Vilarino, Vera Ondei, Gustavo Ruban, Graciela Voltarelli, Ricardo Bifani e Silvana Arend fizemos outras caminhadas longas pelo coração da cidade e um passeio de barco inesquecível.
Quem esteve em Chicago, uma das cidades mais populosas de Illinois e com a bolsa de valores que dita preços para o mundo, certamente passou pelo Millennium Park, um parque no centro da cidade onde reina absoluta a escultura Cloud Gate, criada pelo artista britânico Anish Kapoor. Também é conhecida como “The Bean”, por causa do seu formato de feijão.
É relativamente comum a sensação de ser uma formiguinha quando se anda – ou mesmo passeia de barco pelo Rio Chicago. A famosa linha do horizonte formada por arranha-céus espelhados das big techs e outras grandes companhias de inovação é cartão-postal e o comum é que se aprecie lá de cima, em lugares como o Skydeck, observatório situado no 103º andar da Willis Tower (o prédio mais alto da cidade e quarto do mundo), a 412 metros de altura. Proporciona uma vista de 360 graus, com os prédios se distribuindo a partir do Lago Michigan.
Ainda assim, eu fico com a experiência fascinante de varrer o chão com meus pés, olhando as pessoas, os comércios, vencendo os calçadões. Parar aqui e ali, entrar aqui e ali, ouvir sotaques e comer alguma coisa em um comércio de esquina. Quando for a Chicago ou a qualquer cidade, ande a pé. Não há outra forma melhor de explorar um lugar.
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