MILTON STEAGALL
A 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (COP-30) está marcada para novembro de 2025, em Belém, no Pará. Reunir as principais autoridades globais e especialistas sobre o tema na Amazônia brasileira é um passo importante para que o mundo possa conhecer de fato a floresta, as suas riquezas, e mais do que tudo, ouvir o seu povo.
Entender a realidade das pessoas que vivem na maior floresta tropical do mundo é essencial para que consiga se avançar com metas factíveis, que levem em conta as pessoas que ali vivem. Atualmente, estima-se que essa população gire em torno de 29 milhões de pessoas. Para que os resultados possam sair do papel, é preciso que o Brasil consolide sua estratégia nacional de bioeconomia, um modelo de produção industrial baseado no uso de recursos biológicos e que oferece soluções para a sustentabilidade dos sistemas de produção, com o objetivo de substituir os recursos fósseis e não renováveis.
Estudo desenvolvido pelaAssociação Brasileira de Bioinovação (ABBI), em parceria com quatro instituições de pesquisa brasileiras, mostra que a total implementação da bioeconomia no país pode gerar faturamento de US$ 284 bilhões por ano, um negócio excelente, que alia preservação do meio ambiente, melhora da qualidade de vida das pessoas e desenvolvimento econômico.
Descarbonizar a floresta amazônica a partir de produtos e serviços mais sustentáveis é uma meta que deve ser colocada em prática o mais rápido possível.
Criar produtos e serviços com insumos renováveis, que substituam os produtos petroquímicos, além da geração de energia renovável para comunidades isoladas da região amazônica, é um passo importante para o desenvolvimento local, com a geração de emprego e renda para os amazônidas.
O reflorestamento de áreas desmatadas aliado ao uso de mão de obra local para a produção de seus benefícios é uma equação que vai ajudar a manter a floresta em pé. Não é preciso desmatar nenhum novo hectare de terra, desde que sejam colocados em prática projetos que envolvam a população local, como, por exemplo, o cultivo sustentável da palma de óleo, conhecido como dendê.
A partir do óleo de palma é possível falar de bioeconomia dentro dos setores elétrico, químico e de biocombustíveis, além do agronegócio. Nosso país tem potencial de ser líder global na produção de óleo de palma. Costumo dizer que temos um verdadeiro “pré-sal verde” no nosso país ainda a ser explorado.
Um verdadeiro “pré-sal verde” porque cada hectare cultivado com palma é capaz de gerar até 8 mil litros de óleo, aproximadamente. Como no Brasil temos 31 milhões de hectares autorizados por lei para serem recuperados com o cultivo da palma, é possível dizer que o país tem potencial de produzir 240 bilhões de litros de óleo de palma por ano, número 30% superior ao volume de petróleo extraído pela Petrobras do pré-sal em 2022, que foi de cerca de 175 bilhões de litros.
Tudo isso dentro do que prevê o Zoneamento Agroecológico da Palma de Óleo, que está entre as legislações mais rígidas e severas para o cultivo da planta no mundo e só permite o plantio da espécie em áreas previamente desmatadas até dezembro de 2007. Sem contar que contém as diretrizes de proteção ao meio ambiente, conservação da biodiversidade, e utilização racional dos recursos naturais, além do respeito à função social da propriedade.
O investimento em inovação também pode ser visto como uma grande contribuição para a floresta já que pode fornecer matéria prima renovável para desenvolvimento de inéditos biocombustíveis e geração de energia renovável para comunidades isoladas da região amazônica. Outro ponto fundamental é que o desenvolvimento sustentável também gera emprego e, consequentemente, renda para a população dessas regiões. Só combateremos o desmatamento e a destruição da floresta se gerarmos opções para que a população tenha uma vida digna.
MILTON STEAGALL, CEO do Grupo BBF (Brasil BioFuels)