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Política excludente

Artigo: Falsa equidade de gênero

Mulheres seguem excluídas dos espaços de poder, embora os discursos tenham conteúdo contrário

 08/03/2023. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil.  Brasilia - DF. Manifestação das mulheres no dia internacional das mulheres na Funarte. -  (crédito:  Minervino Júnior/CB)
08/03/2023. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Manifestação das mulheres no dia internacional das mulheres na Funarte. - (crédito: Minervino Júnior/CB)
postado em 21/09/2023 06:00

De janeiro até agora, ocorreram 25 feminicídios no Distrito Federal e há um caso sob investigação. O número de vítimas representa um aumento de 53% em relação aos primeiros nove meses do ano passado. Os crimes resultam do sistema patriarcalista, estimulado por uma educação machista, que levam os homens a supor que são, infinitamente, superiores às mulheres. Aliás, a mulher é um objeto de propriedade deles. Portanto, ela deve ser subserviente, recatada, do lar, cumprir as ordens do seu pretenso dono. Não é nada recente. Esse comportamento dominador se arrasta há séculos. Não é uma singularidade nacional. Ocorre em outros países. Se a mulher não obedecer, deve ser condenada à morte.

Diante desse quadro macabro, o Congresso Nacional discute projeto de lei que reforça o patriarcalismo. A reforma da legislação eleitoral reduz para 20% a cota das mulheres candidatas nos partidos. O intuito não é outro senão o de impedir que elas cheguem ao poder. Perpetua-se o entendimento que as instâncias de decisão são espaços masculinos. Chega a ser piada — de extremo mau gosto — ver deputados e senadores, do alto da tribuna, defenderem as mulheres e a equidade de gênero. Mas, na hora de votar, concordam com medidas excludentes.

A situação é muito semelhante no Judiciário, onde as mulheres também são minoria. O Supremo Tribunal Federal, com mais de um século de existência, só veio a ter uma mulher na sua composição em 2000. Com a aposentadoria da atual presidente, Rosa Weber, ficará a ministra Cármen Lúcia. Há toda uma movimentação para que a cadeira deixada com a aposentadoria da ministra Weber seja ocupada por um homem. O debate está acirrado e, provavelmente, Cármen Lúcia seguirá sozinha.

Os Poderes da República têm grande influência na sociedade. Não adianta defender comportamentos mais avançados, progressistas e revisão dos costumes tradicionais, quando agem em direção inversa. Na prática, os detentores dos espaços de decisão cumprem com fidelidade o adágio popular: "Faça o que eu digo, mas não o que eu faço". Como acreditar nos discursos e nas promessas dos político? É cada vez mais difícil, quando a depreciação do universo feminino é realidade quase que imutável.

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