CAROLINA ZWARG
Os debates sobre equidade de gênero e liderança feminina nunca foram tão presentes e cruciais em nossas vidas. O impulsionamento do tema ganhou relevância em ambientes públicos e privados, juntamente com o desafio que esse público enfrenta diariamente em todas as esferas da sociedade. Por causas disso, acompanhar debates sobre o tema faz bem não apenas para a sociedade, como para as empresas — feitas de pessoas, diga-se de passagem.
Discussões sobre desigualdades históricas percorrem ambientes corporativos e, nos últimos anos, as companhias se deram conta que estamos diante de um desafio ainda em fase de tangibilização. E só vamos ter uma real dimensão da falta de equidade ao ouvirmos executivas, executivos e mulheres para, então, seguirmos avançando nessa reparação.
Em 2022, não apenas a nossa área, que une as frentes de pessoas e sustentabilidade, mas todos os colaboradores comemoraram um marco: a empresa onde trabalho passou a ser signatária do Pacto Global, sendo ainda comprometida com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de número 5 da Organização das Nações Unidas (ONU), que propõe justamente mais igualdade de gênero. A busca por empoderamento para todas começava, então, a tomar ainda mais corpo. Sempre fui defensora, aqui e em outras experiências de trabalho, de que práticas com foco no incentivo à participação de mulheres em cargos de liderança são um primeiro passo para garantir as mesmas oportunidades historicamente asseguradas aos homens.
Dentre as ações das quais participo com meu time, tangendo o ODS 5 (igualdade de gênero), destaco um comitê ativo de Diversidade e Inclusão e a realização de campanhas internas de conscientização sobre a importância do tema, incentivando a contratação de mulheres em todas as áreas e também em cargos de liderança, além do desenvolvimento de programas de capacitação, que considero fundamental.
Para além desse já relevante quadro, promovemos debates internos sobre interseccionalidade, pois acredito que mulheres de diferentes etnias, classes sociais, orientações sexuais e identidades de gênero enfrentam desafios específicos a serem levados em conta. É preciso, portanto, que a liderança feminina seja inclusiva e contemple todas as candidatas e especificidades, sem exceção.
As iniciativas das quais desenvolvemos são sempre permeadas por aprendizagem corporativa, que é uma iniciativa transversal na companhia, proporcionando acesso horizontalizado ao conhecimento nesse aspecto. Essas frentes também dialogam bem com o nosso EVP - Employee value proposition, um posicionamento de marca empregadora lançado em 2023. Em suma, estou sublinhando que, mais do que uma mera proposição em um “treinamento” de equipes, tratamos desse tema sob um viés muito mais educativo e menos de operacionalização de um assunto tão caro e sensível a todas nós, mulheres.
Um projeto que colocamos em prática, em 2023, foi o Lidera, uma jornada dedicada ao desenvolvimento pessoal e profissional para todas as colaboradoras da empresa. Particularmente, não gosto de dizer que é uma iniciativa de aceleração de carreiras, pois precisamos entender se existe essa vontade, antes de mais nada.
Entendo que todas estão aptas para encarar uma promoção e, caso queiram (e somente assim), ocupar um posto de líder. A experiência e a maturidade podem contribuir de forma significativa para o sucesso de uma organização. E para que isso aconteça, é também imprescindível que todas e todos adotemos práticas sustentáveis, promovendo a igualdade como um valor transversal em todos os níveis.
Externamente, considero que as ações do poder público são essenciais para tornar o ODS 5 uma realidade em diferentes esferas. É ideal que políticas públicas consigam garantir que as mulheres tenham acesso a oportunidades, propiciando, assim, um desenvolvimento social e profissional. Além disso, acompanho de perto fóruns e debates que sublinham também medidas que coíbam a violência e o assédio contra todas as mulheres.
O desenvolvimento da mulher como líder — novamente, quando ela quer e se quiser — é fundamental para garantir equidade e diversidade nas corporações. O comprometimento com essas questões não apenas contribui para a construção de um mundo mais justo, mas também para o sucesso do negócio, endossando o tripé da sustentabilidade, que preza por um ambiente ecologicamente correto, socialmente responsável e economicamente viável.
CAROLINA ZWARG, diretora de Pessoas e Sustentabilidade da Porto
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