NULL
Campanha de prevenção

Artigo: O sinal está amarelo

A tonalização natural e marcante dessas folhagens, o Setembro Amarelo surgiu, há 10 anos, como forma de amenizar o cenário hostil e árido das oscilações emocionais que surgem, de forma intempestiva, na mente humana

Marcado no dia 10 e lembrado ao longo deste mês, o Dia Mundial de Preservação ao Suicídio reforça a importância de se observar o sinal amarelo para seguir uma rota segura -  (crédito: kleber sales)
Marcado no dia 10 e lembrado ao longo deste mês, o Dia Mundial de Preservação ao Suicídio reforça a importância de se observar o sinal amarelo para seguir uma rota segura - (crédito: kleber sales)
postado em 11/09/2023 06:00 / atualizado em 11/09/2023 20:39

O amarelo radiante dos ipês que florescem na capital federal nesta época do ano embeleza a paisagem e contrapõe, aos olhos mais sensíveis, aquela sensação de angústia que a ausência da umidade causa no período mais seco.

Tal qual a tonalização natural e marcante dessas folhagens, o Setembro Amarelo surgiu, há 10 anos, como forma de amenizar o cenário hostil e árido das oscilações emocionais que surgem, de forma intempestiva, na mente humana. Atravessar desertos áridos é um desafio e nem sempre é possível cumpri-lo sozinho. Infelizmente, até os mais desbravadores se rendem às intempéries e não sobrevivem.

A jornada da vida não é uma estrada linear. Marcado no dia 10 e lembrado ao longo deste mês, o Dia Mundial de Preservação ao Suicídio reforça a importância de se observar o sinal amarelo para seguir uma rota segura. É preciso ter atenção ao momento de transição entre parar e avançar. São mínimos segundos que surgem para que nós fiquemos alertas e avaliemos os códigos de segurança que nos apontam a preciosidade da vida humana.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) revela um número impressionante de 700 mil suicídios em todo o mundo, sendo que, no Brasil, são aproximadamente 14 mil por ano. Em média, por dia, 38 brasileiros e brasileiras desistem das próprias vidas. Ainda mais triste é constatar que essas vítimas da extrema angústia são jovens que ainda têm uma caminhada longa pela frente e, em uma fração de minutos, optam por interrompê-la por acreditarem que não darão mais conta de prosseguir.

A saúde mental de um indivíduo é complexa e repleta de camadas. Muitas vezes, nos deparamos com pessoas próximas a nós que se queixam da vida, do trabalho, do casamento, da família e não damos o devido valor àquele relato. Há quem julgue nosso desabafo como o tal do mimimi, minimizando o sofrimento genuíno de alguém que carrega uma dor que não conseguiremos mensurar simplesmente porque não nos pertence.

Depressão requer, antes de qualquer coisa, compreensão. É preciso haver acolhimento para situações de tristeza, ansiedade e pânico. Por trás de uma inocente melancolia pode haver um enorme impulso suicida. O término de um relacionamento, a perda de um ente querido, a demissão de um trabalho: todos esses episódios corriqueiros de uma narrativa humana podem se tornar gatilhos enormes para quem convive com enfermidades emocionais e espirituais.

Neste Setembro Amarelo, a campanha vem com um tema bem direto: Se precisar, peça ajuda! Não sinta vergonha ou medo do julgamento e da rejeição. Muitas vezes, a nossa percepção do outro é falha, inconsistente, ainda que cultivemos o lugar da empatia. Padecemos de uma miopia egóica que embaça a ótica do que se distancia do nosso sentir. Nessa viagem individual, o sinal amarelo existe para nos despertar do automático e nos forçar a reduzir a velocidade para, assim, perceber melhor os cruzamentos que nos atravessam. Desacelerar salva vidas.  

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação
-->