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GOVERNO LULA

Análise: o "toma lá, dá cá" de Lula com o Centrão é uma realidade

A tão aguardada reforma ministerial para alocar o Centrão na Esplanada mostrou que o famoso "toma lá, dá cá" do presidencialismo de coalizão, termo de autoria do sociólogo Sérgio Abranches, segue vivíssimo no terceiro mandato de Lula

Ana Moser será substituída por André Fufuca, do PP, no Ministério do Esporte -  (crédito: Julio Dutra/MDS e Marina Ramos/Câmara dos Deputados)
Ana Moser será substituída por André Fufuca, do PP, no Ministério do Esporte - (crédito: Julio Dutra/MDS e Marina Ramos/Câmara dos Deputados)
postado em 08/09/2023 06:01 / atualizado em 18/09/2023 11:11

Depois de duas paradas — uma no Recife e outra na Tunísia —, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca hoje em Nova Délhi, na Índia, para a 18ª Cúpula do G20, grupo que reúne 19 das principais economias do mundo mais a União Europeia. Pela primeira vez, o Brasil receberá a presidência do G20. Oficialmente, o governo brasileiro assume o comando em 1º de dezembro, mas a cerimônia simbólica de transferência ocorrerá durante o encontro de líderes.

Curiosamente, a viagem internacional vem em boa hora para Lula. Ao mesmo tempo em que celebração do 7 de Setembro se mostrou tranquila em Brasília, sem qualquer ataque à ordem democrática vigente, o petista vinha, até então, enfrentando uma semana marcada por desgastes junto ao eleitorado e à opinião pública.

Tudo começou com a declaração de Lula de sugerir sigilo aos votos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração não foi bem recebida no meio jurídico. É praticamente consenso entre advogados e juristas de que a transparência dos julgamentos no STF é um dos pontos altos da mais alta Corte do país. Mexer nisso seria ir contra a segurança jurídica vigente hoje no país, afinal, as decisões, sejam de juízes de primeiro grau, desembargadores ou ministros, ficam disponíveis para consulta pública nos sites do Poder Judiciário — exceto nos casos de segredo de Justiça.

Em seguida, a tão aguardada reforma ministerial para alocar o Centrão na Esplanada mostrou que o famoso "toma lá, dá cá" do presidencialismo de coalizão, termo de autoria do sociólogo Sérgio Abranches, segue vivíssimo no terceiro mandato de Lula. Ao tirar uma medalhista olímpica do comando do Ministério do Esporte para dar lugar a um deputado federal de terceiro mandato que nunca passou pela comissão temática que trata sobre a área na Câmara, o presidente passa um recado para a população de que a política inclusiva no desporto não é prioridade. Uma pena.

Os quadros de medalhas das Olimpíadas e de campeonatos mundiais nos deixam uma lição: os países que têm esporte de alto rendimento são os que mais investem em prática esportiva nas escolas. Era justamente esse o foco de Ana Moser. Será essa a prioridade dos políticos do PP? Muitos atletas têm certeza que não. E você, caro leitor, como avalia?

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