A situação é cruel e desesperadora: 21 milhões de brasileiros, incluídos aí crianças e adolescentes, passam fome. Mais de 70 milhões de pessoas estão em insegurança alimentar, ou seja, sem acesso pleno e permanente à comida. Veja a dimensão da calamidade neste nosso país cheio de riquezas e um dos principais produtores de alimento do mundo.
Os dados, coletados em 2022, são do relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo (Sofi), elaborado por cinco agências da Organização das Nações Unidas (ONU) e publicado em julho. Um outro levantamento, da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN), divulgado em dezembro, mostra um número ainda mais aterrador: os famintos são 33 milhões.
O panorama devastador fez o Brasil voltar, em 2022, ao Mapa da Fome, do qual havia saído há oito anos. O governo anterior, obviamente, contribuiu para o retrocesso, por ter reduzido políticas públicas de enfrentamento ao problema. À época, autoridades do alto escalão chegaram ao acinte de sustentar que não havia fome no país, tripudiando do sofrimento de milhões de vulneráveis.
Agora, o novo governo promete tirar o país novamente dessa lista sombria. Na semana passada, lançou o Plano Brasil Sem Fome, com três estratégias principais: aumento da renda disponível das famílias para comprar alimentos, mapeamento e identificação de pessoas em insegurança alimentar para inclusão em políticas de proteção social e acesso à alimentação, e mobilização dos governos, dos poderes públicos e da sociedade civil para integrar esforços e iniciativas de combate a esta chaga nacional. Segundo a atual gestão, o objetivo é tirar o Brasil do Mapa da Fome até 2030, reduzindo, ano a ano, as taxas totais de pobreza e diminuindo a insegurança alimentar e nutricional.
Verdade que há uma grande diferença entre planejar e colocar em prática, mas estou confiante de que as autoridades públicas realmente vão arregaçar as mangas para essa missão. Só de reconhecer a proporção da tragédia já é uma evolução em relação a gestores da administração passada. É preciso, também, o envolvimento de todos nós para que, enfim, a comida chegue ao prato de todos os brasileiros.
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