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Meio ambiente

Artigo: A COP-30 e a bioeconomia na Amazônia

Entender a realidade das pessoas que vivem na maior floresta tropical do mundo é essencial para que consiga se avançar com metas factíveis, que levem em conta as pessoas que ali vivem

Água dos rios da amazônia podem virar produtos da bioeconomia que governo prevê para o futuro   -  (crédito: Nathalia Segato/Unsplash)
Água dos rios da amazônia podem virar produtos da bioeconomia que governo prevê para o futuro - (crédito: Nathalia Segato/Unsplash)
postado em 06/09/2023 06:00

MILTON STEAGALL

A 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (COP-30) está marcada para novembro de 2025, em Belém, no Pará. Reunir as principais autoridades globais e especialistas sobre o tema na Amazônia brasileira é um passo importante para que o mundo possa conhecer de fato a floresta, as suas riquezas, e mais do que tudo, ouvir o seu povo.

Entender a realidade das pessoas que vivem na maior floresta tropical do mundo é essencial para que consiga se avançar com metas factíveis, que levem em conta as pessoas que ali vivem. Atualmente, estima-se que essa população gire em torno de 29 milhões de pessoas. Para que os resultados possam sair do papel, é preciso que o Brasil consolide sua estratégia nacional de bioeconomia, um modelo de produção industrial baseado no uso de recursos biológicos e que oferece soluções para a sustentabilidade dos sistemas de produção, com o objetivo de substituir os recursos fósseis e não renováveis.

Estudo desenvolvido pelaAssociação Brasileira de Bioinovação (ABBI), em parceria com quatro instituições de pesquisa brasileiras, mostra que a total implementação da bioeconomia no país pode gerar faturamento de US$ 284 bilhões por ano, um negócio excelente, que alia preservação do meio ambiente, melhora da qualidade de vida das pessoas e desenvolvimento econômico.
Descarbonizar a floresta amazônica a partir de produtos e serviços mais sustentáveis é uma meta que deve ser colocada em prática o mais rápido possível.

Criar produtos e serviços com insumos renováveis, que substituam os produtos petroquímicos, além da geração de energia renovável para comunidades isoladas da região amazônica, é um passo importante para o desenvolvimento local, com a geração de emprego e renda para os amazônidas.
O reflorestamento de áreas desmatadas aliado ao uso de mão de obra local para a produção de seus benefícios é uma equação que vai ajudar a manter a floresta em pé. Não é preciso desmatar nenhum novo hectare de terra, desde que sejam colocados em prática projetos que envolvam a população local, como, por exemplo, o cultivo sustentável da palma de óleo, conhecido como dendê.

A partir do óleo de palma é possível falar de bioeconomia dentro dos setores elétrico, químico e de biocombustíveis, além do agronegócio. Nosso país tem potencial de ser líder global na produção de óleo de palma. Costumo dizer que temos um verdadeiro “pré-sal verde” no nosso país ainda a ser explorado.

Um verdadeiro “pré-sal verde” porque cada hectare cultivado com palma é capaz de gerar até 8 mil litros de óleo, aproximadamente. Como no Brasil temos 31 milhões de hectares autorizados por lei para serem recuperados com o cultivo da palma, é possível dizer que o país tem potencial de produzir 240 bilhões de litros de óleo de palma por ano, número 30% superior ao volume de petróleo extraído pela Petrobras do pré-sal em 2022, que foi de cerca de 175 bilhões de litros.

Tudo isso dentro do que prevê o Zoneamento Agroecológico da Palma de Óleo, que está entre as legislações mais rígidas e severas para o cultivo da planta no mundo e só permite o plantio da espécie em áreas previamente desmatadas até dezembro de 2007. Sem contar que contém as diretrizes de proteção ao meio ambiente, conservação da biodiversidade, e utilização racional dos recursos naturais, além do respeito à função social da propriedade.

O investimento em inovação também pode ser visto como uma grande contribuição para a floresta já que pode fornecer matéria prima renovável para desenvolvimento de inéditos biocombustíveis e geração de energia renovável para comunidades isoladas da região amazônica. Outro ponto fundamental é que o desenvolvimento sustentável também gera emprego e, consequentemente, renda para a população dessas regiões. Só combateremos o desmatamento e a destruição da floresta se gerarmos opções para que a população tenha uma vida digna.

MILTON STEAGALL, CEO do Grupo BBF (Brasil BioFuels)

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