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Editorial

Visão do Correio: Vacina é vida

Mais uma vez o Brasil não atingiu a meta de proteger 95% a população infantil por meio das vacinas. Não faltaram vacinas, mas sobrou resistência da população aos imunizantes

O programa prevê retomar a ampla cobertura vacinal da população brasileira -  (crédito: Reprodução/Freepik)
O programa prevê retomar a ampla cobertura vacinal da população brasileira - (crédito: Reprodução/Freepik)
postado em 02/09/2023 06:00 / atualizado em 02/09/2023 12:57

Ao assumir o cargo de ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou o compromisso de retomar as campanhas de vacinação. Cumpriu o prometido, a partir de fevereiro, a fim de elevar os índices de brasileiros imunizados em todas as faixas etárias. Antes mesmo do ataque do coronavírus, a população estava infectada por distorções sobre as vacinas, espalhadas por fake news, produzidas pelos negacionistas. Há vários anos, o Programa de Imunização Nacional (PIN) não alcança as metas estabelecidas pelo governo federal. Esse fenômeno ocorre, praticamente, no mundo inteiro, provocado pelos sabotadores da saúde pública.

Mais uma vez, o Brasil não atingiu a meta de proteger 95% das crianças brasileiras. Igual frustração ocorreu em relação ao sarampo e a outras doenças preveníveis que afetam a infância. Nenhuma unidade da Federação alcançou o objetivo esperado, embora neste ano os resultados tenham sido melhores na comparação com 2022, segundo avaliação dos técnicos da Saúde. A resistência dos brasileiros tem facilitado o aumento do número de pessoas afetadas pela covid-19. Nos últimos dias, mais do que dobrou o número de exames com resultado positivo para a cepa Eris, subvariante da Ômicron, com baixo potencial de letalidade. Essa expansão ocorre, em sua maioria, entre os que se recusaram a tomar a bivalente — um reforço contra a covid-19.

O comportamento inadequado de pais, mães e idosos, que se recusam a tomar as vacinas e a imunizar seus filhos, em diferentes faixas etárias. Essa atitude abre janelas de oportunidades para que doenças, até então, consideradas superadas no país, voltem a provocar tragédias irremediáveis, que deixam marcas pelo resto da vida. É o caso do vírus da poliomielite, responsável pela paralisia infantil, que, há alguns anos, foi considerado erradicado. Hoje, devido à queda do número de vacinados, corre-se o risco de ele voltar a atacar.

Os esforços da nova equipe da saúde precisam ser revigorados e mais intensos, seja com campanhas mais ousadas, seja por outros meios que conscientizem, quebrem a resistência da população e anulem as falsas informações disseminadas contra a vacinação. Cabe ao poder público — federal, estadual e municipal — facilitar e estimular as pessoas a buscarem os postos de vacinação. Ou seja, se há dificuldades de acesso às unidades de saúde, então, o Estado deve providenciar postos móveis, de forma que as vacinas cheguem aos cidadãos. O Brasil tem o maior e melhor programa de imunização construído no planeta, reconhecido, inclusive, por nações com elevado grau de desenvolvimento. O Sistema Único de Saúde (SUS) tem 18 vacinas disponíveis, gratuitamente, para crianças, jovens, adultos e idosos.

Os avanços científicos e tecnológicos, exibidos ao mundo durante a pandemia do novo coronavírus, provaram que os negacionistas, terraplanistas e anticiência mentem. Mostrou também que todos os humanos — ricos, pobres, brancos e pretos — estão suscetíveis ante a letalidade de um inimigo invisível. A covid-19 mostrou que todos são iguais, frágeis e vulneráveis. No passado, os cientistas levavam até décadas para chegar a uma vacina. Entre o fim de 2019 e início de 2020, o mundo se deparou com a maior crise sanitária dos últimos 100 anos, provocada pelo Sar-Cov-2. Mas, em menos de um ano, — em meados de 2020 — os cientistas tinham descoberto a vacina para combater o novo vírus. Mais uma vez, ficou evidente que a vacina salva vidas e, portanto, não podem ser rejeitadas. Vacina é saúde.

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