PAULO PIRES
Você deve estar se perguntando: mas o que o ditado popular tem a ver com os negócios de uma empresa? Tenho encontrado alguns CEOs que parecem acreditar que produtos e serviços vão durar para sempre e os males são passageiros, e isso é uma receita certa para o desastre. Ainda que você não seja de uma empresa industrial, você já deve ter ouvido falar da curva "S" de Ciclo de Vida de Produto. Ela mostra, graficamente, que todo produto, todo serviço, todo negócio, toda empresa, setor e mercado percorrem um ciclo: nascem, desenvolvem-se, ou não, atingem maturidade, declinam e morrem. Só resta à empresa se reinventar, caso contrário, terá vida curta.
As estatísticas provam que 60% deixam de existir num período de cinco anos, e muito poucas alcançam os100 anos de vida. Vamos detalhar um pouco mais para que possa determinar em que estágio os produtos e serviços da sua empresa se encontram. Curva "S"de Ciclo de Vida de um Produto ou Serviço.
O que é importante destacar sobre uma curva "S"?
1) Em termos financeiros, a fase de desenvolvimento é a que requer uma reserva de caixa, às vezes, substancial. Ela mais dá errado do que dá certo, e é só a partir da fase de introdução que começa a entrada de dinheiro. Inicialmente, o que é recebido mal conseguirá pagar os custos dessa fase, mas, decorrido um tempo, ele começa a gerar um superavit que possibilita também iniciar a amortização dos gastos de desenvolvimento. Para quem é do ramo industrial, isso é obvio. No caso de produtos e, principalmente, de serviços, os gastos iniciais envolvem pesquisas de mercado, estudos de casos e análises, entre outros. Outro item a destacar, é que o ponto de equilíbrio entre receitas, gastos e amortizações ocorre na fase de introdução e, só a partir daí vem o lucro. Na implantação não deixe de incorporar pontes que serão necessárias ao crescimento futuro.
2) A fase de crescimento se caracteriza, financeiramente, por deixar de "pagar para trabalhar" ou, na sua expressão financeira mais direta, pela geração crescente de lucro. O trabalho de marketing e de vendas é fundamental nessa fase tanto para trazer o volume de negócios quanto o lucro.
3) A fase de maturidade é onde é possível alongar o tempo de entrada de recursos, seja adicionando funcionalidades a produtos e serviços, seja reduzindo o lucro para ampliar o público-alvo e ganhar no valor absoluto. É a partir do meio da fase de crescimento e nos dois primeiros quartos da maturidade que se acumulam as reservas de caixa que vão possibilitar desenvolver novos produtos e serviços inovadores.
4) O momento certo para disparar uma nova curva "S" é até o meio da fase de maturidade, um pouco antes que, apesar de todos os esforços, a curva entre em declínio. O caixa, com reservas de capital próprio, deve ter recursos para isso. Um novo ciclo vai se iniciar. O que é incontestável é que não é possível falar de sustentabilidade dos negócios sem que se dispare novas curvas "S" ao longo do tempo, reinventando a empresa.
5) A fase de declínio não representa o fim da entrada de recursos, a menos de obsolescência, mas os poucos que entram exigem que se considere aplicações com mais possibilidades de retorno.
Nesta altura, você já deve estar se perguntando como sei onde estão meus produtos e serviços nesta curva? O método mais simples e direto que conheço e uso é o que chamo de TPA — Tempo para Atingir. Vamos tomar para exemplificar R$ 100 mil de faturamento e o tempo necessário para atingir esse valor. Na fase de introdução, este tempo é normalmente longo e vai diminuindo no decorrer do crescimento das vendas. A redução do tempo mede a aceitação do produto/serviço por cada público-alvo. Quando o tempo começa novamente a aumentar, estaremos entrando na fase de maturidade e a de declínio chega rápido, a menos que tomemos alguma ação, por exemplo, entrando em um novo mercado promissor.
Outros pontos a ressaltar:
1) Acumule pelo menos cinco rodadas antes de definir ações para que possa fazer isso com base em tendências evitando agir com base em dados pontuais, que podem representar pontos fora da curva;
2) Antecipe acrescentar novas funcionalidades ao produto/serviço, se estiver com problemas de caixa;
3) Busque inovar naquilo que é mais significativo para atender as necessidades dos clientes.
Espero que o conteúdo deste artigo possa contribuir para tornar realidade o que acreditamos e buscamos como CEOs, que são resultados capazes de garantir a sustentabilidade dos negócios. Fazendo uma analogia com o ditado popular eu diria: "Que o bem seja longevo e os males transitórios". Desejo que tenha muito sucesso profissional e pessoal!
PAULO PIRES, CEO — Lotus Consultoria
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