Uma série de ações promovidas por entidades médicas, organizações não governamentais, especialistas nas áreas de doenças respiratórias, pulmonares e até mesmo profissionais da área de psiquiatria marca este mês como "Agosto Branco". O apelo chama a atenção para o Dia de Combate ao Fumo (29/8), trazendo não somente informações quanto aos riscos do tabagismo, mas também fazendo alerta para uma tendência que já se instalou no Brasil e, pior, sem uma fiscalização rigorosa e efetiva: o cigarro eletrônico.
Antes de citá-lo, é preciso lembrar que o cigarro – seja ele tradicional ou eletrônico – continua sendo o maior responsável pelo câncer de pulmão no Brasil e no mundo. E não somente por esse tipo de tumor. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 161.853 mil mortes poderiam ser evitadas anualmente se o tabaco fosse deixado de lado, sendo que cerca de um terço desses óbitos são decorrentes de algum tipo de câncer relacionado ao hábito de fumar.
O de pulmão é o segundo mais comum em homens no mundo e o terceiro entre as mulheres, de acordo com a International Agency for Cancer Research (Iarc), entidade ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS). A partir das estimativas mais atuais disponíveis (2020), são esperados mais de 32.560 novos casos desse tipo de tumor no Brasil em 2023, sendo 18.020 em homens e 14.540 em mulheres, o que corresponde a mais de 11% de todos os cânceres catalogados.
E o mais triste disso é que no Brasil apenas 16% dos casos são diagnosticados em estágios iniciais, fase em que é possível combater eficazmente a doença. Isso evidencia a necessidade de reforçar o conhecimento sobre os fatores de risco que podem ser modificados e as estratégias de controle e tratamento. A compreensão dessas abordagens é vital para melhorar as chances de sucesso no tratamento e para combater eficazmente a doença.
Voltando ao cigarro eletrônico, quase 3 mil pessoas foram internadas com lesões pulmonares graves atribuídas ao uso desse dispositivo nos Estados Unidos somente entre 2019 e início de 2020. No Brasil, ainda que a venda de vape, como é chamado popularmente, seja proibida, o uso do cigarro eletrônico popularizou-se numa velocidade assustadora entre os mais jovens, fascinados pelo “charme” do vapor que ele produz ou ainda pelos vários sabores à disposição no mercado.
Os cigarros eletrônicos podem ter concentrações variadas de nicotina, elevando muito as quantidades dessa substância no organismo, e de outras substâncias tóxicas especialmente no pulmão. Os especialistas alertam, inclusive, para uma possível vaporização de metais pesados, risco que deve ser considerado.
Enfim, parar de fumar ainda é a maneira mais eficaz de prevenir-se contra o câncer de pulmão e diversos outros tumores, além de doenças cardíacas, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), pneumonia e acidente vascular cerebral (AVC), sem falar em complicações severas em fumantes que porventura foram contaminados pela covid-19.