A Dad era assim: sempre uma professora, um exemplo. Quando a minha querida madrasta, Maria Carmen, adoeceu, eu dizia para ela: veja a Dad. Ela está superando a leucemia, produzindo, escrevendo livros e se mantém animada com a vida. Tem sonhos e metas.
Sempre que a Tati, como a chamávamos, tinha um revés na doença, eu dizia: "A Dad está bem, firme, corajosa e vivendo bem". A Dad era um incentivo para a Tati. E embora nunca tenham se encontrado pessoalmente pareciam seguir um mesmo destino.
No dia que a Tati piorou, em fevereiro do ano passado, eu mandei uma mensagem para a Dad, pedindo palavras de estímulo e ela me disse: "Se eu puder ajudar, peça para ela me ligar. Estou à disposição". Queria trocar experiências e mostrar que os momentos difíceis passam.
Não deu tempo. Tati se foi numa véspera do carnaval, festa que tanto amava. Nem tive coragem de contar para a Dad porque, por mais forte que ela fosse, notícias como essas acabam abalando o ânimo.
As duas são mulheres da mesma geração, fortes, que descobriram a leucemia com a mesma idade, 70 anos. Guerreiras, com personalidade forte e muito amor pela vida.
Eu não gosto da expressão de que elas perderam a batalha para o câncer. Na verdade, foram vitoriosas. Lutaram, tiveram tempo para aproveitar os momentos com seus amores — filhos, netos, amigos, parceiros — com o olhar de que estamos aqui de passagem e a vida é agora. A morte é só um último capítulo.
Minha admiração pela Dad cresceu nesse paralelo, mas começou bem antes. Sua sabedoria, bom-humor, um charme só dela, um estilo próprio, uma cidadã do mundo que escolheu Brasília para a sua morada.
Era um orgulho para o Correio Braziliense, para a nossa cidade e para todos que tiveram a honra de conviver com ela.
Ela se foi. Não vamos vê-la mais fisicamente, pelo menos não nesta vida. Mas ela estará presente em seus ensinamentos, em seu sorriso elegante na memória dos amigos, em suas obras e na admiração de milhares de leitores, alunos e fãs.
Espero sinceramente que a Dad encontre a Tati, onde quer que estejam agora, que finalmente sejam amigas. Viva a Dad! Viva a Tati!