Começa hoje, em Belém do Pará, a Cúpula da Amazônia, que reunirá oito presidentes e representantes dos países da região e outros convidados, entre os quais da Alemanha, da Indonésia, da Noruega e da França (que faz parte da região por causa da Guiana Francesa). O desafio do encontro é estabelecer uma política comum de proteção da floresta e uma nova estratégia compartilhada de desenvolvimento sustentável para a região.
Segundo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e suas colegas da Colômbia, Suzana Muhamad, e do Peru, Nancy Chauca Vasquez, durante o encontro Diálogos Amazônicos, no domingo, é preciso evitar o "ponto de não-retorno" da devastação da maior floresta tropical do mundo. "Ponto de não-retorno" é o termo usado por especialistas para se referir ao momento em que a floresta perde sua capacidade de se autorregenerar, em função do desmatamento, da degradação e do aquecimento global, iniciando-se, assim, um processo de desertificação.
Sem dúvida, urge fortalecer a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), do qual participam Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. O Brasil está empenhado na convergência entre os países da região, para que possam ir à COP28, nos Emirados Árabes Unidos, em dezembro, com uma proposta capaz de sensibilizar os países desenvolvidos a investirem mais na Amazônia. Hoje, os países da região disputam esses recursos entre si, em vez de buscarem formas eficazes de cooperação e pressão para obter mais recursos para todos.
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Luís Arce (Bolívia), Gustavo Petro (Colômbia), Irfaan Ali (Guiana), Dina Boluarte (Per) e Nicolás Maduro (Venezuela) têm as maiores responsabilidades quanto ao êxito do encontro. Hoje, 75% das atividades econômicas da América do Sul dependem do clima, principalmente das chuvas produzidas pela Amazônia.
Além do desafio político, há o da coordenação do trabalho técnico entre os países. Além das contradições geopolíticas, são enormes as dificuldades financeiras e logísticas para combater o desmatamento, o contrabando de madeira, a grilagem de terras, a pecuária predatória, o garimpo ilegal e o tráfico de drogas, que formam um complexo econômico ilegal e influente nas políticas locais.
Apesar de tudo, é possível conter o desmatamento. Os alertas de desmatamento na Região Amazônica do Brasil registraram uma queda de 66% em julho deste ano quando comparado com o mesmo mês do ano passado. Na Amazônia brasileira, com a retomada das políticas ambientas, os alertas de desmatamento atingiram a menor área em quatro anos. O número oficial do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) para medir a taxa anual de desmatamento na Amazônia Legal brasileira é fornecido, desde 1988, pelo projeto Prodes. Com esse sistema, é possível ver se há tendências de queda, manutenção ou alta de destruição.
Entretanto, a devastação deslocou-se para o cerrado, o segundo maior bioma brasileiro, que bateu recorde de desmatamento. Conforme os dados do Inpe, a região teve 6.359km² com avisos de devastação entre agosto do ano passado e julho deste ano, maior número já registrado desde quando os dados começaram a ser compilados, em 2017. O recorde anterior fora entre os anos de 2018 e 2019. O aumento foi de 16% se comparado ao ano base anterior. A área derrubada é maior do que todo o Distrito Federal, que tem 5.760km². Portanto, o combate ao desmatamento na Amazonia não deve desconsiderar a gravidade da situação no cerrado, inclusive por causa do Aquífero Guarani, o grande reservatório subterrâneo de águas do Sul do continente.
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