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Saúde

Artigo: O que esperar da nova vacina contra a dengue?

O novo imunizante é o único aprovado no Brasil que pode ser utilizado independentemente de infecção anterior. São necessárias duas doses para proteção completa

Mosquito da dengue -  (crédito: Reproducao de Internet/EM/D.A Press)
Mosquito da dengue - (crédito: Reproducao de Internet/EM/D.A Press)
ANDRÉ BONInfectologista
postado em 05/08/2023 06:00

A dengue é uma doença endêmica no Brasil, de grande relevância epidemiológica e que, eventualmente, evolui para formas graves, gerando pressão nos serviços de saúde do país, principalmente nas emergências. Além disso, pode levar a uma morbidade elevada. Em 2022, o número de óbitos ficou em torno de mil casos e, apenas em 2023, já existem mais de 600 em investigação em todo território nacional.

O Centro-Oeste é a região com maior incidência de casos nos últimos anos, segundo Boletins Epidemiológicos do Ministério da Saúde. No Distrito Federal, a doença apresenta um comportamento sazonal, tendo maior prevalência entre outubro e maio. Por isso, nesses próximos meses, as estratégias de prevenção precisam ser ainda mais intensificadas. E os dados explicam a importância da prevenção. Brasília é o município com maior número de ocorrências de dengue no país, com 70.672 casos. Somente em 2023, até o dia 22 de julho, foram notificados mais de 20 mil casos de dengue no Distrito Federal, sendo 267 com sinais de alarme e seis casos graves.

Felizmente, hoje, a dengue é uma doença passível de prevenção. Seja por meio de medidas comportamentais, como evitar acúmulo de água parada, seja com a utilização de repelentes e, agora também com a oferta da nova vacina contra a doença. Ela tem uma eficácia geral de 84,1% a partir de 30 dias do esquema de 2 doses, enquanto a eficácia contra as formas que requerem hospitalização é de 90,4%. Esses índices foram obtidos por 19 estudos de fases 1, 2 e 3 com mais de 28 mil crianças e adultos, incluindo um estudo com seguimento de dados clínicos por 4,5 anos. Decorridos 4,5 anos do esquema vacinal, a eficácia contra as formas que requerem hospitalização se mantém alta, em 84,1%.

Além disso, o novo imunizante é o único aprovado no Brasil que pode ser utilizado independentemente de infecção anterior. São necessárias duas doses para proteção completa. A faixa etária de vacinação é de 4 a 60 anos de idade. Mas o que essa vacina tem de diferente da anteriormente comercializada? Ambas protegem contra os quatro sorotipos da doença, mas a opção até então disponível só pode ser aplica a em pacientes que sabidamente já tiveram dengue. Isso ocorre porque foi observado que os pacientes imunizados sem histórico da doença apresentaram um risco aumentado de evoluir para formas graves. Como se fosse um segundo episódio da dengue.

Já com a nova vacina esse fenômeno não foi observado nos estudos, ou seja, pacientes que desconhecem sua situação sorológica ou de doença prévia relacionada podem ser imunizados, desde que estejam dentro da faixa etária recomendada. De maneira geral, os efeitos adversos reportados são poucos, como febre, dor local ou de cabeça.

As duas vacinas contra a dengue são feitas de vírus vivos atenuados. Ou seja, o vírus precisa replicar no corpo e, por isso, existem algumas pessoas que não podem tomar esses imunizantes. É o caso de pacientes imunossuprimidos, aqueles que possuem o sistema imunológico enfraquecido, de gestantes, lactantes e quem teve reações alérgicas aos componentes ou a uma dose anterior da vacina. Por isso, é importante relatar qualquer histórico de alergia no momento da imunização.

É fundamental a conscientização e apoio da população para o combate à dengue durante o ano todo. Medidas simples, realizadas no dia a dia, podem evitar a propagação do mosquito transmissor. E, a nova vacina disponível representa uma força a mais no enfrentamento à doença.

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