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Artigo: O lado cult dos técnicos

A maioria ama livros. Devoram páginas. Nem sempre vinculadas ao esporte

Talvez você não conheça uma outra faceta dos técnicos. Nem somente de táticas, escalações e gritos à beira do campo vivem esses profissionais. A maioria ama livros. Devoram páginas. Nem sempre vinculadas ao esporte. Curto perguntar qual é o livro de cabeceira. Diz muito sobre a fase de cada um deles. Ajuda a entender a gestão do grupo.

Conversei recentemente com dois deles: o tricampeão olímpico José Roberto Guimarães e Dorival Júnior, detentor dos títulos da Copa do Brasil e da Libertadores. Ambos compartilharam escolhas. Rolou até uma resenha.

Comandante da Seleção feminina de vôlei, Zé Roberto vive o clima pré-olímpico. Comandará as meninas em Paris-2024. Ouro em Barcelona-1992 com eles; e medalhista dourado duas vezes com elas, em Pequim-2008 e Londres-2012, o dono da prancheta não abre mão de um "book" na mochila.

"Gosto muito de ler sobre esporte de alta performance, de estar muito atento ao motivo dessas coisas acontecerem. O que é melhor? Você ser especialista ou versátil no que faz? Gosto muito de biografias. Exemplos de campeões, como chegaram, dificuldades que passaram, como conseguiram ser resilientes e suportar pressão", contou Zé Roberto durante a entrevista em Brasília.

A resenha continua... "Estamos sob pressão o tempo inteiro. Gosto de entender a cabeça deles. Como conseguiram o sucesso. Novak Djokovic, Rafael Nadal, Nikola Jokic, Roger Federer, que, para mim, é um dos maiores exemplos. É um dos que fazem parte dessa situação de generalistas. Federer gosta de basquete, de futebol e de estar com os amigos. A mãe era professora de tênis, mas nunca deu uma aula para ele. Fazia tudo", emenda Zé Roberto.

Os olhos dele brilham ao falar de leitura. "Gosto de livros que desafiam essa parte mental e mecânica. Como conseguiram movimentos tão adequados para praticar o esporte. Hoje, meu livro de cabeceira é O Segredo do Talento". "Amparado por dados científicos e brilhante pela simplicidade, este livro é um manual para desenvolver a excelência", recomenda Charles Duhigg, autor de O poder do hábito. Se estiver a fim de ler, o texto é de Daniel Coyle.

Dorival Júnior também devora livros. Perguntei qual é o da vez nas viagens pelo Brasil e a América com o São Paulo. O técnico medita sobre Jesus no lar, dos autores Francisco Cândido Xavier e Neio Lúcio. Pergunto se aplica algo no time: "Não, leio para conhecimento". O texto fala sobre ensinamentos de Jesus na casa de Simão Pedro e aborda o amor ao próximo, o valor de servir, a compaixão, a educação... O livro era outro ao assumir o Flamengo no ano passado. Dorival lia O poder do hábito. Um capítulo trata sobre a revolução em um time de futebol americano.

Quer um conselho? Faça como Zé Roberto e Dorival Júnior. Em vez de passar o dia inteirinho dedilhando a tela nas redes sociais, devore livros.

 


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