As eleições de 2024 já começaram. No ano que vem, as urnas novamente serão utilizadas para decidir quem estará à frente das prefeituras e quem ocupará as cadeiras das Assembleias Legislativas, nos municípios. Aqui no quadradinho é fácil esquecer do pleito, já que votamos apenas de quatro em quatro anos. Porém, o impacto das eleições municipais é muito maior do que pensa o observador desatento.
Em 2016, o resultado das urnas trouxe o presságio do que estava por vir dois anos depois. Candidatos de direita e extrema direita, muitos aliados e apoiados pelo então deputado Jair Bolsonaro, ocuparam boa parte dos cargos. A extrema direita, em especial, se viu ocupando espaços públicos de forma organizada como não se via desde a redemocratização. Por outro, o PT, especialmente, e a esquerda em geral perderam espaço. Somente o PT, na esteira do movimento que derrubou a ex-presidente Dilma Rousseff, perdeu 60% de suas prefeituras.
2020, por sua vez, demonstrou uma queda da direita ideológica em prol de candidatos mais conhecidos, ainda mantendo a força da direita. Candidatos que antes se colocaram como anti-establishment, até pelo mau resultado em suas gestões, foram colocados de lado. Pesou ainda que o pleito foi realizado nos primeiros meses da pandemia da covid-19, com a extrema direita negando a ciência enquanto seus eleitores morriam. A esquerda, por sua vez, se reorganizou e recuperou parte dos espaços perdidos, com o fortalecimento de partidos como o PSol e o PCdoB.
Sabendo da importância das eleições municipais, partidos estão em plena campanha e articulação, embora velada. As viagens que Bolsonaro vinha fazendo pelo Brasil, pelo menos antes de estourar o julgamento que o tornou inelegível, têm franco tom eleitoral. Com a crise que abateu o até então líder da direita brasileira, alas mais moderadas já buscam alternativas para não depender apenas do ex-presidente, que pode ter ainda mais problemas com a justiça eleitoral no futuro.
O PT, agora à frente da máquina pública, já está alinhando as diretrizes para a disputa e deve focar em cidades com mais de 100 mil habitantes. A legenda também designou o senador Humberto Costa (PT-PE) para liderar a articulação. Para o cidadão, cabe ficar atento ao cenário que começa a se desenhar para o ano que vem. Além de influenciar diretamente na vida das cidades, as próximas eleições também indicam o movimento maior que virá em 2026.